(Missão Nª.Sª. do Carmo
em Traquino-Mutarara)
Por volta
dos anos sessenta do sêculo vinte não havia muitas ocupações como celulares,
internat e a televisão, únicos divertimentos que tínhamos era a bola de
farrapos ou jogos tradicionais.
Quem não fosse
a escola não era o problema do tempo, este tínhamos de sobra não fosse as
brincadeiras de mata-mata e os jogos de escondidas. Para dizer a verdade, as
escolas não eram como hoje em todos os cantos, era preciso andar até quinze a
vinte quilómetros para alcançar uma escola.
Todas as
escolas eram missionárias católicas e os nossos professores eram ao mesmo tempo
catequistas. Lembro-me de um grande catequista na missão de Inhangoma em
Mutarara o senhor Josefe Ndapassoua, uma figura muito conhecida por todos nós
daquele tempo.
Da
minha localidade à missão distava uns vinte e quatro quilómetros, percorríamos
esta distância a pê, uma vez por semana, partíamos aos domingos a tarde depois
de assistir a missa de baixo de uma mangueira na aldeia, dirigida pelo
catequista, os cristão não podiam comungar, só quando viesse o senhor padre uma
vez em cada mês.
Todos nós
depois de concluir a terceira classe tínhamos que estudar na missão, onde havia
os grandes professores que podiam lecionar a quarta classe. Lembro-me de alguns
nomes: Guilherme Vaz, Sebastião Jenquene Nhambessa, António Fole, Marcos,
Miguel e entre outros.
Todos os
alunos de Inhangoma tínham que frequentar a quarta classe em Traquino na missão
nossa senhora do Carmo, antes de ser instalada a escola de Jardim que mais
tarde começou a lecionar a quarta classe.
Nas
escolas missionárias só lecionavam e os exames finais ficavam a cargo das
escolas oficiais onde estudavam os meninos assimilados.
Foi bom
ter passado essa fase onde conhecí muitos amigos, alguns hoje bem posicionados,
doutores e até alguns com filhos mestrados e sinto por aqueles que não puderam alcançar
os mesmos êxitos. E recordo com muita angústia pelos amigos que não puderam
viver até hoje, que a paz do Criador estejam com eles e que pousem nos lugares
dos justos.
Por: Nhansôa
Boa tarde,
ResponderEliminarO seu relato faz parte da minha história, pois para além de ter raízes nesta zona de Moçambique, um dos ex-professores mencionados (Sebastião Jenquene Nhambessa), já falecido era irmão do meu pai (António Jenquene Nhambessa).
Takhuta Simão Pedro António Nhambessa
Irmão Simão, fico feliz em saber que és de facto um elemento familiar, primeiro, fui aluno do seu pai no Ciclo Prepratório na cidade da Beira nos anos 70, o seu falecido tio estava casado ou viviam juntos com a minha prima Verónica Dina. Gostei imenso de si e da sua abertura! E por último, gostaria que fizesse parte deste site, gostar e contribuir....kikikikikikikikiki
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