terça-feira, 5 de junho de 2012

HIPOCRISIA




             Poema e voz de Euclides Cavaco

                                  Há quem viva de aparêncas
                                  De certo para esconder
                                  As malogradas tendências
                                 Do que pretendiam ser.
  Alguns vestem de cordeiro
 A pele, mas sendo lobo
 Usam ardil matreiro
 Só para enganar o povo.
                                       Outros são fingidores
                                       Vestidos de fantasia
                                       Como eternos impostores
                                       Vivendo em hipocrisia.
 Vão matando a pretensão
 Com cinismo e com vaidade
 Fingem ser o que não são
Como grande sagacidade.
                                          As grandezas aparentes
                                          Que não passam de fachadas
                                             São o produto das mentes
                                             Vazias e mal formadas.
Nesse teatro de enganos
Os farsantes mascarados
Têm ao cair dos panos
Seus palcos desmoronados!...
           EUCLIDES CAVACO

segunda-feira, 4 de junho de 2012

AMIGOS DE INFÂNCIA


(Missão Nª.Sª. do Carmo
em Traquino-Mutarara) 
                       
                              

        Por volta dos anos sessenta do sêculo vinte não havia muitas ocupações como celulares, internat e a televisão, únicos divertimentos que tínhamos era a bola de farrapos ou jogos tradicionais.
     Quem não fosse a escola não era o problema do tempo, este tínhamos de sobra não fosse as brincadeiras de mata-mata e os jogos de escondidas. Para dizer a verdade, as escolas não eram como hoje em todos os cantos, era preciso andar até quinze a vinte quilómetros  para alcançar uma escola.
         Todas as escolas eram missionárias católicas e os nossos professores eram ao mesmo tempo catequistas. Lembro-me de um grande catequista na missão de Inhangoma em Mutarara o senhor Josefe Ndapassoua, uma figura muito conhecida por todos nós daquele tempo.
            Da minha localidade à missão distava uns vinte e quatro quilómetros, percorríamos esta distância a pê, uma vez por semana, partíamos aos domingos a tarde depois de assistir a missa de baixo de uma mangueira na aldeia, dirigida pelo catequista, os cristão não podiam comungar, só quando viesse o senhor padre uma vez em cada mês.
        Todos nós depois de concluir a terceira classe tínhamos que estudar na missão, onde havia os grandes professores que podiam lecionar a quarta classe. Lembro-me de alguns nomes: Guilherme Vaz, Sebastião Jenquene Nhambessa, António Fole, Marcos, Miguel e entre outros.
      Todos os alunos de Inhangoma tínham que frequentar a quarta classe em Traquino na missão nossa senhora do Carmo, antes de ser instalada a escola de Jardim que mais tarde começou a lecionar a quarta classe.
          Nas escolas missionárias só lecionavam e os exames finais ficavam a cargo das escolas oficiais onde estudavam os meninos assimilados.
         Foi bom ter passado essa fase onde conhecí muitos amigos, alguns hoje bem posicionados, doutores e até alguns com filhos mestrados e sinto por aqueles que não puderam alcançar os mesmos êxitos. E recordo com muita angústia pelos amigos que não puderam viver até hoje, que a paz do Criador estejam com eles e que pousem nos lugares dos justos.


  Por: Nhansôa