domingo, 8 de dezembro de 2013

Declaração de família sobre a morte de um grande homem


Exatamente às 20h50 naquela noite fatídica de 05 de dezembro de 2013, parte de nós partiu para se juntar ao grande da linha de nossos antepassados ​​que vieram antes de nós. Embora a morte e sua vinda é sempre uma surpresa, mas sua natureza não deve ser. Embora este evento é doloroso, ainda abraçar a eventualidade. Em nome da família Mandela e toda a família Ngubengcuka, reconhecemos com profunda tristeza o falecimento do Sr. Nelson Rolihlahla Mandela há dois dias. O pilar da família Mandela real não é mais conosco fisicamente, mas o seu espírito ainda está conosco.
Perdemos um grande homem, um filho da terra cuja grandeza em nossa família foi na simplicidade de sua natureza em nosso meio - um líder família carinhosa que fez tempo para tudo e quanto a isso nós vamos muito a falta dele. Ele fez o tempo de todos nós. Que grande filho Thembu do solo fez o tempo dos reis e rainhas, os pobres e os ricos, os grandes e os pequenos prisioneiros, ex políticos de todas as tendências e que nos fez único e especial em nossa própria maneira. Além disso, mesmo em meio à sua agenda lotada como chefe de Estado e de governo, ele visitou as várias casas da liderança Thembu tradicional, e ele tornou-se a própria fonte da história oral sobre as tradições do nosso povo. 
Sim, Tata está desaparecido, o pilar da família se foi, assim como ele estava ausente durante esse 27 anos dolorosos de prisão, mas em nossos corações e almas ele estará sempre conosco. Seu espírito permanece.Como uma família, nós nos comprometemos a defender e ser guiado pelos valores que ele viveu para e estava preparado para morrer. 
Como uma família, nós aprendemos com ele a apreciar os valores que o líder, que foi reconhecido por todos os feitos, o principal dos quais é a lição de que uma vida vivida para os outros é uma vida bem vivida. Como uma família, sua presença era como uma árvore baobá que forneceu a sombra reconfortante que serviu de proteção e segurança para nós. Sua presença era um calor como a primavera com sua beleza, suas fases, e flores desabrochando, que diminui os ventos secos julho feios da terra Thembu.  
Apesar de ter alcançado o status de um ícone mundial, ele foi notável por sua humildade na família. Nosso pai era conhecido por suas campanhas nacionais e internacionais contra a pobreza, a conscientização sobre o HIV / AIDS, e pelo amor das crianças. O que muitos podem não saber é que as mesmas questões foram seu foco diariamente no lar e da família estendida. Acima de tudo, ele acreditava fortemente no valor e poder da educação - um instrumento para capacitar as crianças contra a pobreza e desamparo.
Como uma família, nós aproveitar esta oportunidade para estender nossa gratidão e agradecimento ao povo da África do Sul e do mundo por todo o amor e apoio que temos vivido durante o período de sua longa doença.Um agradecimento especial ao presidente Jacob Zuma eo governo da África do Sul, a equipe médica dedicada que assistiram a ele durante todo o dia, as comunidades religiosas dos diferentes credos do nosso país e, além disso ofereceu orações e aconselhamento para a família. Finalmente, como uma família, estamos humilhados pelas mensagens de condolências e apoio continuamos a receber dos governos e povos do mundo. Claramente, esta mais uma vez está na base da simples verdade de que Madiba não era apenas um cidadão da África do Sul e do continente Africano mais ampla, mas um cidadão global. Estamos, no entanto, confortado por saber que a nossa dor e tristeza é compartilhada por milhões de pessoas ao redor do mundo.Madiba está em casa com grandes amigos, como OR Tambo, Walter Sisulu e certamente muitos outros grandes patriotas e os líderes africanos.
Quanto à forma como a família está lidando com a situação? Sim, não tem sido fácil para os últimos dois dias e não vai ser agradável para os dias que virão. Mas com o apoio que estamos recebendo de aqui e além, e no devido tempo tudo estará bem para a família. Obrigado.
Pelo tenente-general (aposentado)
Temba Templeton Matanzima
(Porta-voz Oficial da Família Mandela)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

FIR executa supostos homens armados da Renamo em Murrupula


06/12/2013

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA MORREU

Nelson Mandela morreu hoje, aos 95 anos, após uma longa doença . Ele era uma das figuras mais extraordinárias do nosso tempo - um homem desinteressado em um mundo cada vez mais egoísta, um homem cujo exemplo foi tão profundamente poderoso que derrubou um regime perverso, e um homem cuja história de vida foi uma inspiração para milhões de pessoas ao redor o mundo.
Mandela lutou contra o mal do apartheid, que legalizou e institucionalizou o racismo na África do Sul. Ele foi preso por seus esforços, passou quase três décadas em celas de prisão, e se tornou o prisioneiro político mais famoso do mundo. Ele foi libertado, imediatamente se tornou uma voz de liderança no país, e foi eleito presidente, quando a África do Sul realizou a sua primeira eleição totalmente corrida em 1994. Fundamentalmente, Mandela não usou sua ascensão ao poder de obter vingança por seus anos de prisão injusta. Em vez disso, ele apoiou uma Comissão de Verdade e Reconciliação que procurou expor os erros do apartheid e curar seu país dividido. Suas ações demonstram o seu compromisso com a paz ea inclusão e fez dele o destinatário mais merecedor do Prêmio Nobel da Paz em uma geração.
É interessante que esta figura histórica surpreendente tinha o nome Mandela - pronuncia-se da mesma forma como a mandala, um conceito budista e hindu que representa o universo como um círculo. Nessas religiões, uma mandala é um instrumento de meditação pacífica e um ponto de encontro para as forças universais essenciais. Nelson Mandela, também, era um ponto de encontro para os conceitos universais da paz e da liberdade e igualdade, e atuou nesse papel com decência e sem rancor. Um verdadeiro gigante deixou o palco do mundo.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Interesses económicos em Angola calam comunidade internacional

ANGOLA

(orginal de DW.DE)

Manifestações reprimidas com violência e a morte de um dirigente político mostram um país num barril de pólvora. O petróleo angolano fala alto e a comunidade internacional fica em silêncio perante os abusos internos.
Fortes acontecimentos marcaram a semana em Angola. Em especial, as prisões de quase três centenas de manifestantes, em todo o país, e a morte de Manuel Hilberto Ganga, líder juvenil do partido da oposição CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral), a tiro por um membro da Unidade de Segurança Presidencial, no sábado passado (23.11).

Até mesmo o cortejo fúnebre de Ganga, na quarta-feira (27.11), em Luanda, foi marcado por um forte aparato das forças policiais que recorreram a gás lacrimogéneo. No entanto, sobre estes acontecimentos, pouco se ouviu da comunidade internacional.
O petróleo angolano explica o silêncio da comunidade internacional na política interna angolana, diz especialista
Segundo o historiador e sociólogo suiço Jon Schubert, doutorando em Estudos Africanos pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, e que viveu 10 anos em Luanda, o posicionamento passivo das grandes potências se deve aos interesses económicos, especialmente por parte dos países europeus em crise.

Jon Schubert constata que “o poder angolano está a investir de uma maneira muito forte na economia portuguesa”, por exemplo. Assim, se explica o “receio por parte não só da política portuguesa mas também da própria União Europeia de falar sobre a política interna e a situação socioeconómica em Angola”.

O especialista suiço com experiência em Angola crê que “nesse clima de crise e austeridade, na Europa, os governos europeus estão mais dispostos a fechar os olhos em troca de investimentos”.

Apenas organizações de Direitos Humanos erguem a voz

As declarações internacionais mais contundentes em repúdio às violentas repressões à liberdade de expressão que se passaram em Luanda vieram da organização não- governamental Human Rights Watch, que exigiu das autoridades angolanas uma investigação profunda do assassinato de Manuel Ganga e dos excessos cometidos pela polícia.
Abel Chivukuvuku, líder da CASA-CE no funeral de Ganga que teve forte aparato policial
Também a secção portuguesa da Amnistia Internacional apelou a investigações imparciais. Em relação aos governos internacionais, Angola continua a dar uma imagem de impávida e serena por força do seu recurso mais abundante: o petróleo.

Segundo o especialista em Estudos Africanos, Jon Schubert, “noutros contextos, a comunidade internacional mais facilmente ameaça com sanções, como aconteceu há poucos meses atrás com o caso do Ruanda. O Governo angolano tem uma grande independência também graças à produção de petróleo” pelo que, “torna-se muito mais difícil influenciar a política interna angolana”, explica.

Ação interna contradiz discurso externo das autoridades

Apesar de não ter gerado uma reação forte e imediata na política global, Jon Schubert considera que a atitude do Governo angolano arranha a mensagem diplomática que ele tenta construir.

Interesses económicos em Angola calam comunidade internacional

“Travar uma manifestação pacífica, dispersar a população com o uso de gás, prender manifestantes e a morte de ativistas, tudo isto contradiz a intenção e a linguagem do Presidente de Angola que se tenta projetar para fora como um Governo de modelo democrático”, argumenta o especialista em Estudos Africanos.

As autoridades angolanas justificaram a proibição das manifestações de sábado passado (23.11) e até mesmo do cortejo apeado de Manuel Ganga, na quarta-feira (27.11), por considerarem haver uma ameaça à paz e a necessidade de se manter a estabilidade conquistada.

No entanto, o especialista suiço considera que “só com esse discurso de estabilidade não vai ajudar a situação e há receio que a morte de ativistas seja um impulso para mobilizar uma parte maior da população contra o regime”. Jon Schubert alerta que “se a repressão continuar e aumentar, isso vai chamar a atenção da comunidade internacional”.
A última manifestação convocada pela UNITA saiu às ruas mesmo proibida pelas autoridades
Outro aspecto que poderia motivar a comunidade internacional a intervir seria o declínio da economia. Assim, o historiador e sociólogo suiço Jon Schubert recomenda o diálogo com as multinacionais presentes em Angola como porta para as negociações.

Como alternativa, os movimentos de contestação poderiam “alertar sobre o potencial de conflito social” junto do poder económico, argumentando que o povo angolano está “nessa situação também porque vocês [as empresas] apoiaram, talvez seja tempo de repensar um pouco o desempenho aqui”, conclui Jon Schubert.

DW.DE

domingo, 17 de novembro de 2013

Nosso racismo é um crime perfeito(Brasil)


O antropólogo Kabengele Munanga fala sobre o mito da democracia racial brasileira, a polêmica com Demétrio Magnoli e o papel da mídia e da educação no combate ao preconceito no país
Por Camila Souza Ramos e Glauco Faria
Fórum – O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?
Kabengele – Essas coisas não são tão abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que não é daqui, que não é como “nossos negros”, é diferente. Poderia dizer que esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não entram de cabeça erguida.
Depois, com o tempo, na academia, fiz disciplinas em antropologia e alguns de meus professores eram especialistas na questão racial. Foi através da academia, da literatura, que comecei a descobrir que havia problemas no país. Uma das primeiras aulas que fiz foi em 1975, 1976, já era uma disciplina sobre a questão racial com meu orientador João Batista Borges Pereira. Depois, com o tempo, você vai entrar em algum lugar em que está sozinho e se pergunta: onde estão os outros? As pessoas olhavam mesmo, inclusive olhavam mais quando eu entrava com minha mulher e meus filhos. Porque é uma família inter-racial: a mulher branca, o homem negro, um filho negro e um filho mestiço. Em todos os lugares em que a gente entrava, era motivo de curiosidade. O pessoal tentava ser discreto, mas nem sempre escondia. Entrávamos em lugares onde geralmente os negros não entram.
A partir daí você começa a buscar uma explicação para saber o porquê e se aproxima da literatura e das aulas da universidade que falam da discriminação racial no Brasil, os trabalhos de Florestan Fernandes, do Otavio Ianni, do meu próprio orientador e de tantos outros que trabalharam com a questão. Mas o problema é que quando a pessoa é adulta sabe se defender, mas as crianças não. Tenho dois filhos que nasceram na Bélgica, dois no Congo e meu caçula é brasileiro. Quantas vezes, quando estavam sozinhos na rua, sem defesa, se depararam com a polícia?
Meus filhos estudaram em escola particular, Colégio Equipe, onde estudavam filhos de alguns colegas professores. Eu não ia buscá-los na escola, e quando saíam para tomar ônibus e voltar para casa com alguns colegas que eram brancos, eles eram os únicos a ser revistados. No entanto, a condição social era a mesma e estudavam no mesmo colégio. Por que só eles podiam ser suspeitos e revistados pela polícia? Essa situação eu não posso contar quantas vezes vi acontecer. Lembro que meu filho mais velho, que hoje é ator, quando comprou o primeiro carro dele, não sei quantas vezes ele foi parado pela polícia. Sempre apontando a arma para ele para mostrar o documento. Ele foi instruído para não discutir e dizer que os documentos estão no porta-luvas, senão podem pensar que ele vai sacar uma arma. Na realidade, era suspeito de ser ladrão do próprio carro que ele comprou com o trabalho dele. Meus filhos até hoje não saem de casa para atravessar a rua sem documento. São adultos e criaram esse hábito, porque até você provar que não é ladrão… A geografia do seu corpo não indica isso.
Então, essa coisa de pensar que a diferença é simplesmente social, é claro que o social acompanha, mas e a geografia do corpo? Isso aqui também vai junto com o social, não tem como separar as duas coisas. Fui com o tempo respondendo à questão, por meio da vivência, com o cotidiano e as coisas que aprendi na universidade, depoimentos de pessoas da população negra, e entendi que a democracia racial é um mito. Existe realmente um racismo no Brasil, diferenciado daquele praticado na África do Sul durante o regime do apartheid, diferente também do racismo praticado nos EUA, principalmente no Sul. Porque nosso racismo é, utilizando uma palavra bem conhecida, sutil. Ele é velado. Pelo fato de ser sutil e velado isso não quer dizer que faça menos vítimas do que aquele que é aberto. Faz vítimas de qualquer maneira.
Revista Fórum – Quando você tem um sistema como o sul-africano ou um sistema de restrição de direitos como houve nos EUA, o inimigo está claro. No caso brasileiro é mais difícil combatê-lo…
Kabengele – Claro, é mais difícil. Porque você não identifica seu opressor. Nos EUA era mais fácil porque começava pelas leis. A primeira reivindicação: o fim das leis racistas. Depois, se luta para implementar políticas públicas que busquem a promoção da igualdade racial. Aqui é mais difícil, porque não tinha lei nem pra discriminar, nem pra proteger. As leis pra proteger estão na nova Constituição que diz que o racismo é um crime inafiançável. Antes disso tinha a lei Afonso Arinos, de 1951. De acordo com essa lei, a prática do racismo não era um crime, era uma contravenção. A população negra e indígena viveu muito tempo sem leis nem para discriminar nem para proteger.
Revista Fórum – Aqui no Brasil há mais dificuldade com relação ao sistema de cotas justamente por conta do mito da democracia racial?
Kabengele – Tem segmentos da população a favor e contra. Começaria pelos que estão contra as cotas, que apelam para a própria Constituição, afirmando que perante a lei somos todos iguais. Então não devemos tratar os cidadãos brasileiros diferentemente, as cotas seriam uma inconstitucionalidade. Outro argumento contrário, que já foi demolido, é a ideia de que seria difícil distinguir os negros no Brasil para se beneficiar pelas cotas por causa da mestiçagem. O Brasil é um país de mestiçagem, muitos brasileiros têm sangue europeu, além de sangue indígena e africano, então seria difícil saber quem é afro-descendente que poderia ser beneficiado pela cota. Esse argumento não resistiu. Por quê? Num país onde existe discriminação antinegro, a própria discriminação é a prova de que é possível identificar os negros. Senão não teria discriminação.
Em comparação com outros países do mundo, o Brasil é um país que tem um índice de mestiçamento muito mais alto. Mas isso não pode impedir uma política, porque basta a autodeclaração. Basta um candidato declarar sua afro-descendência. Se tiver alguma dúvida, tem que averiguar. Nos casos-limite, o indivíduo se autodeclara afrodescendente. Às vezes, tem erros humanos, como o que aconteceu na UnB, de dois jovens mestiços, de mesmos pais, um entrou pelas cotas porque acharam que era mestiço, e o outro foi barrado porque acharam que era branco. Isso são erros humanos. Se tivessem certeza absoluta que era afro-descendente, não seria assim. Mas houve um recurso e ele entrou. Esses casos-limite existem, mas não é isso que vai impedir uma política pública que possa beneficiar uma grande parte da população brasileira.
Além do mais, o critério de cota no Brasil é diferente dos EUA. Nos EUA, começaram com um critério fixo e nato. Basta você nascer negro. No Brasil não. Se a gente analisar a história, com exceção da UnB, que tem suas razões, em todas as universidades brasileiras que entraram pelo critério das cotas, usaram o critério étnico-racial combinado com o critério econômico. O ponto de partida é a escola pública. Nos EUA não foi isso. Só que a imprensa não quer enxergar, todo mundo quer dizer que cota é simplesmente racial. Não é. Isso é mentira, tem que ver como funciona em todas as universidades. É necessário fazer um certo controle, senão não adianta aplicar as cotas. No entanto, se mantém a ideia de que, pelas pesquisas quantitativas, do IBGE, do Ipea, dos índices do Pnud, mostram que o abismo em matéria de educação entre negros e brancos é muito grande. Se a gente considerar isso então tem que ter uma política de mudança. É nesse sentido que se defende uma política de cotas.
O racismo é cotidiano na sociedade brasileira. As pessoas que estão contra cotas pensam como se o racismo não tivesse existido na sociedade, não estivesse criando vítimas. Se alguém comprovar que não tem mais racismo no Brasil, não devemos mais falar em cotas para negros. Deveríamos falar só de classes sociais. Mas como o racismo ainda existe, então não há como você tratar igualmente as pessoas que são vítimas de racismo e da questão econômica em relação àquelas que não sofrem esse tipo de preconceito. A própria pesquisa do IPEA mostra que se não mudar esse quadro, os negros vão levar muitos e muitos anos para chegar aonde estão os brancos em matéria de educação. Os que são contra cotas ainda dão o argumento de que qualquer política de diferença por parte do governo no Brasil seria uma política de reconhecimento das raças e isso seria um retrocesso, que teríamos conflitos, como os que aconteciam nos EUA.
Fórum – Que é o argumento do Demétrio Magnoli.
Kabengele – Isso é muito falso, porque já temos a experiência, alguns falam de mais de 70 universidades públicas, outros falam em 80. Já ouviu falar de conflitos raciais em algum lugar, linchamentos raciais? Não existe. É claro que houve manifestações numa universidade ou outra, umas pichações, “negro, volta pra senzala”. Mas isso não se caracteriza como conflito racial. Isso é uma maneira de horrorizar a população, projetar conflitos que na realidade não vão existir.
Fórum – Agora o DEM entrou com uma ação no STF pedindo anulação das cotas. O que motiva um partido como o DEM, qual a conexão entre a ideologia de um partido ou um intelectual como o Magnoli e essa oposição ao sistema de cotas? Qual é a raiz dessa resistência?
Kabengele – Tenho a impressão que as posições ideológicas não são explícitas, são implícitas. A questão das cotas é uma questão política. Tem pessoas no Brasil que ainda acreditam que não há racismo no país. E o argumento desse deputado do DEM é esse, de que não há racismo no Brasil, que a questão é simplesmente socioeconômica. É um ponto de vista refutável, porque nós temos provas de que há racismo no Brasil no cotidiano. O que essas pessoas querem? Status quo. A ideia de que o Brasil vive muito bem, não há problema com ele, que o problema é só com os pobres, que não podemos introduzir as cotas porque seria introduzir uma discriminação contra os brancos e pobres. Mas eles ignoram que os brancos e pobres também são beneficiados pelas cotas, e eles negam esse argumento automaticamente, deixam isso de lado.
Fórum – Mas isso não é um cinismo de parte desses atores políticos, já que eles são contra o sistema de cotas, mas também são contra o Bolsa-Família ou qualquer tipo de política compensatória no campo socioeconômico?
Kabengele – É interessante, porque um país que tem problemas sociais do tamanho do Brasil deveria buscar caminhos de mudança, de transformação da sociedade. Cada vez que se toca nas políticas concretas de mudança, vem um discurso. Mas você não resolve os problemas sociais somente com a retórica. Quanto tempo se fala da qualidade da escola pública? Estou aqui no Brasil há 34 anos. Desde que cheguei aqui, a escola pública mudou em algum lugar? Não, mas o discurso continua. “Ah, é só mudar a escola pública.” Os mesmos que dizem isso colocam os seus filhos na escola particular e sabem que a escola pública é ruim. Poderiam eles, como autoridades, dar melhor exemplo e colocar os filhos deles em escola pública e lutar pelas leis, bom salário para os educadores, laboratórios, segurança. Mas a coisa só fica no nível da retórica.
E tem esse argumento legalista, “porque a cota é uma inconstitucionalidade, porque não há racismo no Brasil”. Há juristas que dizem que a igualdade da qual fala a Constituição é uma igualdade formal, mas tem a igualdade material. É essa igualdade material que é visada pelas políticas de ação afirmativa. Não basta dizer que somos todos iguais. Isso é importante, mas você tem que dar os meios e isso se faz com as políticas públicas. Muitos disseram que as cotas nas universidades iriam atingir a excelência universitária. Está comprovado que os alunos cotistas tiveram um rendimento igual ou superior aos outros. Então a excelência não foi prejudicada. Aliás, é curioso falar de mérito como se nosso vestibular fosse exemplo de democracia e de mérito. Mérito significa simplesmente que você coloca como ponto de partida as pessoas no mesmo nível.
Quando as pessoas não são iguais, não se pode colocar no ponto de partida para concorrer igualmente. É como você pegar uma pessoa com um fusquinha e outro com um Mercedes, colocar na mesma linha de partida e ver qual o carro mais veloz. O aluno que vem da escola pública, da periferia, de péssima qualidade, e o aluno que vem de escola particular de boa qualidade, partindo do mesmo ponto, é claro que os que vêm de uma boa escola vão ter uma nota superior. Se um aluno que vem de um Pueri Domus, Liceu Pasteur, tira nota 8, esse que vem da periferia e tirou nota 5 teve uma caminhada muito longa. Essa nota 5 pode ser mais significativa do que a nota 7 ou 8. Dando oportunidade ao aluno, ele não vai decepcionar.
Foi isso que aconteceu, deram oportunidade. As cotas são aplicadas desde 2003. Nestes sete anos, quantos jovens beneficiados pelas cotas terminaram o curso universitário e quantos anos o Brasil levaria para formar o tanto de negros sem cotas? Talvez 20 ou mais. Isso são coisas concretas para as quais as pessoas fecham os olhos. No artigo do professor Demétrio Magnoli, ele me critica, mas não leu nada. Nem uma linha de meus livros. Simplesmente pegou o livro da Eneida de Almeida dos Santos, Mulato, negro não-negro e branco não-branco que pediu para eu fazer uma introdução, e desta introdução de três páginas ele tirou algumas frases e, a partir dessas frases, me acusa de ser um charlatão acadêmico, de professar o racismo científico abandonado há mais de um século e fazer parte de um projeto de racialização oficial do Brasil. Nunca leu nada do que eu escrevi.
A autora do livro é mestiça, psiquiatra e estuda a dificuldade que os mestiços entre branco e negro têm pra construir a sua identidade. Fiz a introdução mostrando que eles têm essa dificuldade justamente por causa de serem negros não-negros e brancos não-brancos. Isso prejudica o processo, mas no plano político, jurídico, eles não podem ficar ambivalentes. Eles têm que optar por uma identidade, têm que aceitar sua negritude, e não rejeitá-la. Com isso ele acha que eu estou professando a supressão dos mestiços no Brasil e que isso faz parte do projeto de racialização do brasileiro. Não tinha nada para me acusar, soube que estou defendendo as cotas, tirou três frases e fez a acusação dele no jornal.
Fórum – O senhor toca na questão do imaginário da democracia racial, mas as pessoas são formadas para aceitarem esse mito…
Kabengele – O racismo é uma ideologia. A ideologia só pode ser reproduzida se as próprias vítimas aceitam, a introjetam, naturalizam essa ideologia. Além das próprias vítimas, outros cidadãos também, que discriminam e acham que são superiores aos outros, que têm direito de ocupar os melhores lugares na sociedade. Se não reunir essas duas condições, o racismo não pode ser reproduzido como ideologia, mas toda educação que nós recebemos é para poder reproduzi-la.
Há negros que introduziram isso, que alienaram sua humanidade, que acham que são mesmo inferiores e o branco tem todo o direito de ocupar os postos de comando. Como também tem os brancos que introjetaram isso e acham mesmo que são superiores por natureza. Mas para você lutar contra essa ideia não bastam as leis, que são repressivas, só vão punir. Tem que educar também. A educação é um instrumento muito importante de mudança de mentalidade e o brasileiro foi educado para não assumir seus preconceitos. O Florestan Fernandes dizia que um dos problemas dos brasileiros é o “preconceito de ter preconceito de ter preconceito”. O brasileiro nunca vai aceitar que é preconceituoso. Foi educado para não aceitar isso. Como se diz, na casa de enforcado não se fala de corda.
Quando você está diante do negro, dizem que tem que dizer que é moreno, porque se disser que é negro, ele vai se sentir ofendido. O que não quer dizer que ele não deve ser chamado de negro. Ele tem nome, tem identidade, mas quando se fala dele, pode dizer que é negro, não precisa branqueá-lo, torná-lo moreno. O brasileiro foi educado para se comportar assim, para não falar de corda na casa de enforcado. Quando você pega um brasileiro em flagrante de prática racista, ele não aceita, porque não foi educado para isso. Se fosse um americano, ele vai dizer: “Não vou alugar minha casa para um negro”. No Brasil, vai dizer: “Olha, amigo, você chegou tarde, acabei de alugar”. Porque a educação que o americano recebeu é pra assumir suas práticas racistas, pra ser uma coisa explícita.
Quando a Folha de S. Paulo fez aquela pesquisa de opinião em 1995, perguntaram para muitos brasileiros se existe racismo no Brasil. Mais de 80% disseram que sim. Perguntaram para as mesmas pessoas: “você já discriminou alguém?”. A maioria disse que não. Significa que há racismo, mas sem racistas. Ele está no ar… Como você vai combater isso? Muitas vezes o brasileiro chega a dizer ao negro que reage: “você que é complexado, o problema está na sua cabeça”. Ele rejeita a culpa e coloca na própria vítima. Já ouviu falar de crime perfeito? Nosso racismo é um crime perfeito, porque a própria vítima é que é responsável pelo seu racismo, quem comentou não tem nenhum problema.
Revista Fórum – O humorista Danilo Gentilli escreveu no Twitter uma piada a respeito do King Kong, comparando com um jogador de futebol que saía com loiras. Houve uma reação grande e a continuação dos argumentos dele para se justificar vai ao encontro disso que o senhor está falando. Ele dizia que racista era quem acusava ele, e citava a questão do orgulho negro como algo de quem é racista.
Kabengele – Faz parte desse imaginário. O que está por trás dessa ilustração de King Kong, que ele compara a um jogador de futebol que vai casar com uma loira, é a ideia de alguém que ascende na vida e vai procurar sua loira. Mas qual é o problema desse jogador de futebol? São pessoas vítimas do racismo que acham que agora ascenderam na vida e, para mostrar isso, têm que ter uma loira que era proibida quando eram pobres? Pode até ser uma explicação. Mas essa loira não é uma pessoa humana que pode dizer não ou sim e foi obrigada a ir com o King Kong por causa de dinheiro? Pode ser, quantos casamentos não são por dinheiro na nossa sociedade? A velha burguesia só se casa dentro da velha burguesia. Mas sempre tem pessoas que desobedecem as normas da sociedade.
Essas jovens brancas, loiras, também pulam a cerca de suas identidades pra casar com um negro jogador. Por que a corda só arrebenta do lado do jogador de futebol? No fundo, essas pessoas não querem que os negros casem com suas filhas. É uma forma de racismo. Estão praticando um preconceito que não respeita a vontade dessas mulheres nem essas pessoas que ascenderam na vida, numa sociedade onde o amor é algo sem fronteiras, e não teria tantos mestiços nessa sociedade. Com tudo o que aconteceu no campo de futebol com aquele jogador da Argentina que chamou o Grafite de macaco, com tudo o que acontece na Europa, esse humorista faz uma ilustração disso, ou é uma provocação ou quer reafirmar os preconceitos na nossa sociedade.
Fórum – É que no caso, o Danilo Gentili ainda justificou sua piada com um argumento muito simplório: “por que eu posso chamar um gordo de baleia e um negro de macaco”, como se fosse a mesma coisa.
Kabengele – É interessante isso, porque tenho a impressão de que é um cara que não conhece a história e o orgulho negro tem uma história. São seres humanos que, pelo próprio processo de colonização, de escravidão, a essas pessoas foi negada sua humanidade. Para poder se recuperar, ele tem que assumir seu corpo como negro. Se olhar no espelho e se achar bonito ou se achar feio. É isso o orgulho negro. E faz parte do processo de se assumir como negro, assumir seu corpo que foi recusado. Se o humorista conhecesse isso, entenderia a história do orgulho negro. O branco não tem motivo para ter orgulho branco porque ele é vitorioso, está lá em cima. O outro que está lá em baixo que deve ter orgulho, que deve construir esse orgulho para poder se reerguer.
Fórum – O senhor tocou no caso do Grafite com o Desábato, e recentemente tivemos, no jogo da Libertadores entre Cruzeiro e Grêmio, o caso de um jogador que teria sido chamado de macaco por outro atleta. Em geral, as pessoas – jornalistas que comentaram, a diretoria gremista – argumentavam que no campo de futebol você pode falar qualquer coisa, e que se as pessoas fossem se importar com isso, não teria como ter jogo de futebol. Como você vê esse tipo de situação?
Kabengele – Isso é uma prova daquilo que falei, os brasileiros são educados para não assumir seus hábitos, seu racismo. Em outros países, não teria essa conversa de que no campo de futebol vale. O pessoal pune mesmo. Mas aqui, quando se trata do negro… Já ouviu caso contrário, de negro que chama branco de macaco? Quando aquele delegado prendeu o jogador argentino no caso do Grafite, todo mundo caiu em cima. Os técnicos, jornalistas, esportistas, todo mundo dizendo que é assim no futebol. Então a gente não pode educar o jogador de futebol, tudo é permitido? Quando há violência física, eles são punidos, mas isso aqui é uma violência também, uma violência simbólica. Por que a violência simbólica é aceita a violência física é punida?
Fórum – Como o senhor vê hoje a aplicação da lei que determina a obrigatoriedade do ensino de cultura africana nas escolas? Os professores, de um modo geral, estão preparados para lidar com a questão racial?
Kabengele – Essa lei já foi objeto de crítica das pessoas que acham que isso também seria uma racialização do Brasil. Pessoas que acham que, sendo a população brasileira uma população mestiça, não é preciso ensinar a cultura do negro, ensinar a história do negro ou da África. Temos uma única história, uma única cultura, que é uma cultura mestiça. Tem pessoas que vão nessa direção, pensam que isso é uma racialização da educação no Brasil.
Mas essa questão do ensino da diversidade na escola não é propriedade do Brasil. Todos os países do mundo lidam com a questão da diversidade, do ensino da diversidade na escola, até os que não foram colonizadores, os nórdicos, com a vinda dos imigrantes, estão tratando da questão da diversidade na escola.
O Brasil deveria tratar dessa questão com mais força, porque é um país que nasceu do encontro das culturas, das civilizações. Os europeus chegaram, a população indígena – dona da terra – os africanos, depois a última onda imigratória é dos asiáticos. Então tudo isso faz parte das raízes formadoras do Brasil que devem fazer parte da formação do cidadão. Ora, se a gente olhar nosso sistema educativo, percebemos que a história do negro, da África, das populações indígenas não fazia parte da educação do brasileiro.
Nosso modelo de educação é eurocêntrico. Do ponto de vista da historiografia oficial, os portugueses chegaram na África, encontraram os africanos vendendo seus filhos, compraram e levaram para o Brasil. Não foi isso que aconteceu. A história da escravidão é uma história da violência. Quando se fala de contribuições, nunca se fala da África. Se se introduzir a história do outro de uma maneira positiva, isso ajuda.
É por isso que a educação, a introdução da história dele no Brasil, faz parte desse processo de construção do orgulho negro. Ele tem que saber que foi trazido e aqui contribuiu com o seu trabalho, trabalho escravizado, para construir as bases da economia colonial brasileira. Além do mais, houve a resistência, o negro não era um João-Bobo que simplesmente aceitou, senão a gente não teria rebeliões das senzalas, o Quilombo dos Palmares, que durou quase um século. São provas de resistência e de defesa da dignidade humana. São essas coisas que devem ser ensinadas. Isso faz parte do patrimônio histórico de todos os brasileiros. O branco e o negro têm que conhecer essa história porque é aí que vão poder respeitar os outros.
Voltando a sua pergunta, as dificuldades são de duas ordens. Em primeiro lugar, os educadores não têm formação para ensinar a diversidade. Estudaram em escolas de educação eurocêntrica, onde não se ensinava a história do negro, não estudaram história da África, como vão passar isso aos alunos? Além do mais, a África é um continente, com centenas de culturas e civilizações. São 54 países oficialmente. A primeira coisa é formar os educadores, orientar por onde começou a cultura negra no Brasil, por onde começa essa história. Depois dessa formação, com certo conteúdo, material didático de boa qualidade, que nada tem a ver com a historiografia oficial, o processo pode funcionar.
Fórum – Outra questão que se discute é sobre o negro nos espaços de poder. Não se veem negros como prefeitos, governadores. Como trabalhar contra isso?
Kabengele – O que é um país democrático? Um país democrático, no meu ponto de vista, é um país que reflete a sua diversidade na estrutura de poder. Nela, você vê mulheres ocupando cargos de responsabilidade, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, assim como no setor privado. E ainda os índios, que são os grandes discriminados pela sociedade. Isso seria um país democrático. O fato de você olhar a estrutura de poder e ver poucos negros ou quase não ver negros, não ver mulheres, não ver índios, isso significa que há alguma coisa que não foi feita nesse país. Como construção da democracia, a representatividade da diversidade não existe na estrutura de poder. Por quê?
Se você fizer um levantamento no campo jurídico, quantos desembargadores e juízes negros têm na sociedade brasileira? Se você for pras universidades públicas, quantos professores negros tem, começando por minha própria universidade? Esta universidade tem cerca de 5 mil professores. Quantos professores negros tem na USP? Nessa grande faculdade, que é a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), uma das maiores da USP junto com a Politécnica, tenho certeza de que na minha faculdade fui o primeiro negro a entrar como professor. Desde que entrei no Departamento de Antropologia, não entrou outro. Daqui três anos vou me aposentar. O professor Milton Santos, que era um grande professor, quase Nobel da Geografia, entrou no departamento, veio do exterior e eu já estava aqui. Em toda a USP, não sou capaz de passar de dez pessoas conhecidas. Pode ter mais, mas não chega a 50, exagerando. Se você for para as grandes universidades americanas, Harvard, Princeton, Standford, você vai encontrar mais negros professores do que no Brasil. Lá eles são mais racistas, ou eram mais racistas, mas como explicar tudo isso?
120 anos de abolição. Por que não houve uma certa mobilidade social para os negros chegarem lá? Há duas explicações: ou você diz que ele é geneticamente menos inteligente, o que seria uma explicação racista, ou encontra explicação na sociedade. Quer dizer que se bloqueou a sua mobilidade. E isso passa por questão de preconceito, de discriminação racial. Não há como explicar isso. Se você entender que os imigrantes japoneses chegaram, nós comemoramos 100 anos recentemente da sua vinda, eles tiveram uma certa mobilidade. Os coreanos também ocupam um lugar na sociedade. Mas os negros já estão a 120 anos da abolição. Então tem uma explicação. Daí a necessidade de se mudar o quadro. Ou nós mantemos o quadro, porque se não mudamos estamos racializando o Brasil, ou a gente mantém a situação para mostrar que não somos racistas. Porque a explicação é essa, se mexer, somos racistas e estamos racializando. Então vamos deixar as coisas do jeito que estão. Esse é o dilema da sociedade.
Revista Fórum – como o senhor vê o tratamento dado pela mídia à questão racial?
Kabengele – A imprensa faz parte da sociedade. Acho que esse discurso do mito da democracia racial é um discurso também que é absorvido por alguns membros da imprensa. Acho que há uma certa tendência na imprensa pelo fato de ser contra as políticas de ação afirmativa, sendo que também não são muito favoráveis a essa questão da obrigatoriedade do ensino da história do negro na escola.
Houve, no mês passado, a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Silêncio completo da imprensa brasileira. Não houve matérias sobre isso. Os grandes jornais da imprensa escrita não pautaram isso. O silêncio faz parte do dispositivo do racismo brasileiro. Como disse Elie Wiesel, o carrasco mata sempre duas vezes. A segunda mata pelo silêncio. O silêncio é uma maneira de você matar a consciência de um povo. Porque se falar sobre isso abertamente, as pessoas vão buscar saber, se conscientizar, mas se ficar no silêncio a coisa morre por aí. Então acho que o silêncio da imprensa, no meu ponto de vista, passa por essa estratégia, é o não-dito.
Acabei de passar por uma experiência interessante. Saí da Conferência Nacional e fui para Barcelona, convidado por um grupo de brasileiros que pratica capoeira. Claro, receberam recursos do Ministério das Relações Exteriores, que pagou minha passagem e a estadia. Era uma reunião pequena de capoeiristas e fiz uma conferência sobre a cultura negra no Brasil. Saiu no El Pais, que é o jornal mais importante da Espanha, noticiou isso, uma coisa pequena. Uma conferência nacional deste tamanho aqui não se fala. É um contrassenso. O silêncio da imprensa não é um silêncio neutro, é um silêncio que indica uma certa orientação da questão racial. Tem que não dizer muita coisa e ficar calado. Amanhã não se fala mais, acabou.
Essa matéria é parte integrante da edição impressa da Fórum de agosto.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A RENAMO NÃO TEM CAPACIDADE NEM VONTADE DE VOLTAR À GUERRA CIVIL





CORREIO DA MANHÃ - 04.11.2013
Renamo não tem capacidade nem vontade de voltar à guerra civil
REFERE ANALISTA DE UMA COMPANHIA ESPECIALIZADA NA RECOLHA DE INFORMAÇÃO MILITAR
Dhlakama quer a Renamo no Governo e a integração nas forças armadas e,
consequentemente, assentos em empresas com contratos lucrativos em
estradas ou minas. Não tem capacidade nem vontade de voltar à guerra
civil, quer é acesso aos negócios - Robert Besseling, analista para
Africa Exclusive Analysis, uma companhia especializada em recolher
informação e fazer previsões sobre riscos políticos e violência por
todo o mundo.
O regresso a uma guerra civil em Moçambique é improvável porque a
Renamo não possui capacidade militar para enfrentar o Exército, mas
existe o risco de mais ataques, afirmaram dois analistas. Robert
Besseling, analista para Africa Exclusive Analysis, uma companhia
especializada em recolher informação e fazer previsões sobre riscos
políticos e violência por todo o mundo, afirma que a Renamo está mal
armada. "São entre 400 e 600homens, veteranos e novos, mas estão mal
armados, com velhas Kalashnikov AK-47 e alguns lança-granadas e talvez
alguns morteiros", afirmou. Elizabete Azevedo-Harman, investigadora no
britânico Instituto Real de Relações Internacionais, tem por
referência os 150 a 200 homens que um colega viu numa visita ao
presidente Afonso Dhlakama no quartel-geral da Gongorosa há uns meses,
antes de a base ser tomada pelas forças armadas moçambi-canas.
"A Renamo diz que tem mil [soldados], mas esse número não está
prova-do", vincou esta investiga-dora, que recordou que o acordo de
paz autorizava a liderança a manter guardas armados.
Os ataques no início do ano a esquadras da Polícia terão reforçado o
arsenal do grupo, mas é o conhecimen-to da geografia das duas regiões
centrais do país, Sofala e Manica, que é o ac-tivo mais forte da
Renamo, dizem os dois analistas.
"Não são precisos muitos homens para criar instabilidade", salienta
Eli-zabete Azevedo-Harman.
Mesmo sem capacidade para desencadear uma guerra civil, a Renamo
poderá alimentar o conflito armado através de ataques de "guerrilha,
que pode ser muito perturbadora nestas duas regiões centrais de
Moçambique". "As forças da oposição só têm capacidade para causar
instabilidade atacando transportes rodoviários de passageiros ou
mercadorias", refere Robert Besseling, que admite que o conflito se
prolongue por mais alguns meses. Porém, não acredita que nenhuma das
partes tenha interesse em que a situação piore, e prevê o regresso às
negociações, cujo sucesso depende das cedências da Frelimo, no poder,
às exigências da oposição. "Dhlakama quer a Renamo no Governo e a
integração nas forças armadas e, consequentemente, assentos em
empresas com contratoslucrativos em estradas ou minas. Não tem
capacidade nem vontade de voltar à guerra civil, quer é acesso aos
negócios", resume.Moçambique vive a sua pior tensão política e militar
desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, devido a confrontos
entre as forças de defesa e segurança e antigos guerrilheiros da
Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal partido da
oposição, por causa de diferendos entre o movimento e o Governo sobre
a lei eleitoral.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

RETALHOS DE UMA VIDA

                                         O LADO BOM

      Quando questionamos o comportamento humano, apesar de seus múltiplos defeitos, podemos encontrar nele algo bem positivo. Por vezes concluímos através de olhares, semblantes, mesmo comportamentos externos que muitas vezes iludem ao contemplador,o modo de falar por vezes leva-nos a má percepção, um olhar curioso pode-nos afectar negativamente. O que o homem leva na sua alma é sempre um enigma para os outros, por isso os altruístas não olham para os aspectos externos da humanidade, minimizam todos os defeitos e elevam a qualidade humana como centro de atenção filantrópica.
     O homem precisa de lembrar os seus próprios defeitos e perdoar os outros, ninguém é cem por cento justo, toda a pureza só se pode atribuir ao Criador!




           
                          A EDUCAÇÃO DE FILHOS





Obviamente, a educação dos nossos filhos não devem confiar apenas no que eles / elas estão recebendo durante o horário escolar - que vai muito além dos muros da escola, e é nossa [dos pais] a responsabilidade de garantir o seu sucesso e bem-estar é o objetivo maior. Os pais devem ser incondicionalmente envolvidos na educação de uma criança. Como Tracy Grant bem apontou, "ninguém nunca vai ser um melhor defensor para o seu filho do que você '. Mas ser solidário com o seu filho não significa que é preciso agir / reagir como se a criança não tem meios para o fazer. Conforme a criança cresce, ele / ela tem o dever fundamental de defender para ele / ela. É parte integrante de aprender a viver a 'vida real' no 'mundo real', rodeado de "pessoas reais", que enfrentam verdadeiros desafios e dificuldades.  



A EDUCAÇÃO DE FILHOS

Obviamente, a educação dos nossos filhos não devem confiar apenas no que ele / ela está recebendo durante o horário escolar - que vai muito além dos muros da escola, e é nossa [dos pais] a responsabilidade de garantir o seu sucesso e bem-estar é o objetivo maior. Os pais devem ser incondicionalmente envolvidos na educação de uma criança. Como Tracy Grant bem apontou, "ninguém nunca vai ser um melhor defensor para o seu filho do que você '. Mas ser solidário com o seu filho não significa que é preciso agir / reagir como se a criança não tem meios para o fazer. Conforme a criança cresce, ele / ela tem o dever fundamental de defender para ele / ela. É parte integrante de aprender a viver a 'vida real' no 'mundo real', rodeado de "pessoas reais", que enfrentam verdadeiros desafios e dificuldades.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

MIOLOS TORTOS!


                       
         

             O Malote acha-se diferente de seus pais, irmãos e até alguns amigos de infância. Porque foi financiado para os seus estudos por pessoas que tanto o amava, tais, o senhor letrado procura ignorar! Isso não é novidade para ninguém neste nosso belo mundo, o Malote é apenas um exemplo de tantos.
               Digo miolos tortos, porquê ,o ensino educa o homem para ser completo, primeiro valorizar a si mesmo e aos outros, acima de tudo o altruísmo, qualidades de intelectuais.
              Ignorando pais, que tipo de intelectual temos? Isso é vergonhoso, na minha publicação anterior abordei um assunto similar e tem muita ligação.
               Um estudioso tem que demonstrar um perfíl civilizado, servir de exemplo para muitos. Se não, esse não deixa de ser bossal, independentemente de seus parcos conhecimentos, parcos, porque não os tem, só papel na mão sem valor intelectual....
            Há indivíduos com conhecimento que dão graças, e há grande quantidade de doutores inletrados sem parentes.Uma grande desgraça!



   

UMA CONSPIRAÇÃO FAMILIAR

         



     Uma família muito unida, pensei antes de entender o sofrimento a que está sujeito um amigo meu. Para qualquer um seria difícil aperceber, a vida de um homem que tudo fez para educar seus filhos, sózinho desempenhando papel de mãe e pai, a todo custo os petizes foram  evoluindo, é claro de acordo com as capacidades de cada um. Quando acompanhei a forma como os filhos tratam ao pobre pai, comecei a ver aqueles filhos como monstros e mal agradecidos.
         Quem estudou e teve uma educação de verdade, entende que é preciso recuar ao passado analisá-lo com cuidado, para começar a ter uma vida de gratidão, procurar ignorar as passagens da infância e desrespeitar os tutores, isso é pior que um homem letrado faça. Não há um pagamento possível aos pais, se não tratá-los com respeito e carinho, é o que um civilizado e letrado deve condicionar.
          A pobreza não é só a falta de dinheiro, acho pobres todos aqueles que maltratam os seus parentes bem próximos, acham tudo na sua vida um mundo de rosas, não têm pais e nem parentes. Tratam amigos como seus verdadeiros pais e esquecendo tudo o que é verdadeiro sangue seu!
           Olho para esse meu amigo, com muita pena e  sinto revolta por aqueles que o maltratam! Pensei num conselho de um amigo brasileiro:  “um filho é um empréstimo”. Dou razão a esse génio!

           

domingo, 25 de agosto de 2013

MENTIRAS DESCARTÁVEIS SOBRE ARTUR PESTANA “PEPETELA”



www.planaltodemalanjeriocapopa.blogspot.com


Quem não conheceu e/ou não conhece a alma cívica que no passado prevaleceu no interior do malogrado MPLA de outrora é que se arroja a falar tanta besteira desordenada, que acabam por culminam sempre em deslavadas mentiradas.
OS IRRESPONSÁVEIS FALA BARATO TRANSGRESSORES DA VERDADE
 Quem com desrespeitoso e atrevimento se aventurou a verberar tamanhas baboseiras completamente desconexas e desajustadas acerca do caráter da grande pessoa humana que é o meu camarada Pepetela, arrisca-se a ficar desprovido de credibilidade no epiciclo realista da nossa historia contemporânea no seu todo. Nunca consegui entender a razão desse elevadíssimo teor rancoroso tão desgastante, que vem sendo diluído em torno da pessoa pacifica e inteligente de Artur Carlos Mauricio Pestana dos Santos “PEPETELA”. Até hoje ninguém sabe explicar a razão porque nasceram tais boatos acerca da honorabilidade militante por excelência do camarada Pepetela, nem sabemos onde e quando terminara essa estupida  lenga lenga! Percebo que se criaram mecanismos que estimulam esses proscritos a delatar e a denegrir a imagem criada nacional e internacional pelo nosso mais ilustre escritor de todos os tempos. A todo custo tentam tirar-lhe o brio e a dinâmica da trajetória conquistada com enorme esforço no mundo das letras. Que se saiba desde já que não fui nomeado causídico de Pepetela e muito menos me constitui advogado dele para beneficiar de qualquer benesse, apenas busco entender a razão de tanta polêmica em torno desse grande nacionalista angolense. Hoje do mesmo modo que defendo o camarada Pepetela, do mesmo modo defendi no passado e estive sempre ao lado do meu amigo e camarada, o mais velho Ambrósio Lukoki, marido da minha mana Fátita irmã do meu amigo Manuel Quarta  o "Nelito" e estive também sem medo algum ao lado da camarada Luzia Bebiana de Almeida, a nossa querida Ge do Pupula filha do nosso grande cota o mais velho nacionalista de gema Adriano Sebastião. Também não me incomodei nada em posicionar-me ao lado do meu irmão o politico e grande combatente nacionalista da primeira hora, o meu amigo Lólo Neto Kiambata, quando na altura foi acusado irresponsavelmente e até mesmo abusivamente de ser racista alegadamente por camaradas nossos que habitualmente devassam  arbitrariamente a vida alheia! Como poderia o meu amigo Lólo Neto ser racista se a sua casa espiritual e familiar é por excelência multicolor? Para quem não sabe que, fique agora definitivamente esclarecido, a casa do nosso Kiambata é, e sempre foi um reino bantu multicolor, multicolor ou o que lhe quiserem chamar, mas nunca considerem o habitat de LóloNeto um feudo racista.
A VERDADE SEMPRE VENCE
Mais tarde compreendi e mantive-me ao lado de outro nacionalista e membro do nosso “M” o Dr Marcolino Moco hoje em situação oponente a JES tal como eu, mas isso só representa mais democracia e maior articulação com a base politica do partido dos camaradas que hoje estão completamente cegos e fora da realidade politica, econômica e social que o país atravessa. Isso que dizer que é a democracia interna em movimento, apesar de não ser aceite e a todo custo tem sido combatido pelo JESEANISNO EDUARDISTA, mas, isso não importa, pois quem ganha com tudo isso futuramente é o país e o próprio MPLA hoje propriedade de JES. O grosso do atual problema angolano não passa por Pepetela e ele próprio Pepetela sabe-o bem que não. O nosso problema esta naquele que outrora fora aclamado senão pela totalidade dos angolanos, no mínimo foi aplaudido pela maioria do povo militante do MPLA, exceto por mim. Eu já conhecia JES com quem tive um primeiro desentendimento em 1974 em Portugal, no Hotel Flamingo situado na Avenida Castilho próximo ao largo do rato onde ficava a casa de Angola. Esse meu pequenino desentendimento com JES não foi por ele jamais esquecido, infelizmente para mim ele dura até aos dias de hoje, só que agora quem esta deveras sentido com a arrogância desse ditador sou eu. Mas como dizia problema angolano atual não passa pela atuação de Pepetela na então “inventona fraccionista” ao lado de Neto, o nosso atual problema tem origens maiores e mais cruéis e também mais sangrentas por se ter transformado num preconceituoso problema segregacionista, e esse problema tem nome e e esse nome passa pelo indisfarçável ditador de estimação dos portugueses, russos, chineses e espanhóis, pela família dele, e pelos seus descabidos e quase caídos aficionados. Hoje aquele que era idolatrado pelos afincados membros da militância do “M”, hoje é odiado ao extremo pelo poder da militância popular angolense do MPLA Movimento. Então camaradas, por que perpetuar uma mentira tão descabida em torno do nacionalista Pepetela e mantê-lo como alvo preferencial para masturbação psicótica de tão aleivosos militantes invejosos e de alguns paranoicos caçadores da mentira necroscópica?
O SENHOR DA MENTIRA É O DIABO
 Eu estou desde já ao lado desse cavaleiro da literatura moderna angolana e não apenas  estou do lado do escritor, mas também com o humanista que mora no coração espiritual do politico autóctone nacionalista angolano branco que é o nosso integro e valoroso Pepetela.

Voltando ao assunto, reconheço que existe tanta maldade que chega a ficar mal transportar tanto recalcamento contra o nosso mais renomado escritor, sobretudo quando esse recalcamento se concentra  em mentiras e insinuações pouco nobres de quem pretende a todo custo culpar Pepetela de uma situação da qual ele não foi autor e muito menos cúmplice nem em atitude e nem na estratégia, pelo simples facto de nunca ter feito parte da coordenação do golpe que Agostinho Neto e seus pares deram no interior do MPLA e que levou a consumação do banho de sangue ocorrido em 27 de setembro de 1977.
Todos nós os envolvidos sabemos quem são os culpados dessa chacina ocorrida no nosso solo pátrio, e o principal culpado são em primeiro lugar a guerra fria, os São Marx, São Engles e o São Lenine, depois seguem-se os soviéticos e o diabo que se encarregaram de colocar gente nossa uns contra os outros. Trata-se aqui de uma vez por todas de honrarmos a verdade e trazer a responsabilidade o maquiavélico ditador primaz de Angola, o poeta assassino António Agostinho Neto. Ao lado de Agostinho Neto sempre estiveram Lucio Lara, Henriques Teles carreira o IKO, N'dozi que esteve na linha de comando do fuzilamento de Nito Alves, Zé Van-Dunen e Sita Vales, com seu chefe direto Iko Carreira. Discretamente, mas os mais audazes foram mesmo Henriques santos Onambwe, Ludi Kissassunda, Helder Neto e o sinistro Henrique Abranches. Não entendo a razão que levam insistentemente em colocar o Pepetela no epicentro dessa confusão?
A CULPA É DE ANTONIO AGOSTINHO NETO E DE SEUS PARES
Se não sabiam que saibam então agora, que na altura Pepetela e Saidy Mingas foram cotados pelo triunvirato que comandava na altura a encenação terrificante de 27 de Maio de 1977 para serem sacrificados em nome da revolução “NETISTA” conhecida como a ditadura do operariado num país que sequer tinha e nem tem indústria alguma nem operários! O slogan sinistro utilizado onde se dizia que o povo estava no poder apenas era falacioso e servia igualmente para o inglês ver, e leva-lo a acreditar que de facto existia o poder popular em Angola, a tal democracia do proletariado, lembram-se camaradas! Pensavam estes, que a morte sacrificial de alguns camaradas nossos na altura ajudariam a criar um sentimento de tristeza e de revolta junto da sociedade assimilada do momento.  Agora camaradas, parem com essa tentativa de linchar de crucificar e denegrir um homem honrado, intelectual e guerrilheiro da primeira ora que em momento algum se serviu do partido e do poder para satisfação pessoal e/ou familiar, pois se o Pepetela é culpado de algo relacionado com a sinistra odisseia assassina de maio de 1977, então todos nós o somos. Também de uma maneira ou de outra estivemos igualmente envolvido nessa trama encontrando-nos uns de um lado, e outros do lado oposto da barricada. Pessoalmente tenho a minha cota parte da responsabilidade por ter sido preso no dia da chacina e perdido mais de sete pessoas da minha família incluindo um irmão que fazia parte do comando da nona brigada motorizada. Não se esqueçam nunca que o senhor absoluto da mentira é o diabo, satanás
A CULPA É DE DOS SANTOS
Vamos acabar com essas mentiras camaradas, e para sempre deixemos o nosso maior escritor criar suas, nossas histórias cada vez mais ousadas e esclarecedoras do momento que estamos todos a vivenciar, falta isso sim, e espero que ele o Pepetela o faça  com brevidade, como cultivador de inteligências íntegras e formador de opinião, que se pronuncie de que lado está, se do povo ou se do lado do ditador JES e da sua leviana ditadura.
Raul Diniz