sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

“Homem feito refém pela Renamo é do SISE”




-Garante o ex-membro do SISE, Adolfo Beira, em entrevista exclusiva ao Canal de Moçambique/Canalmoz

Maputo (Canalmoz) - O homem que feito refém recentemente pela Renamo na sua antiga base, no interior do posto administrativo de Vunduzi (em Gorongosa), onde se encontra a residir actualmente o líder da Renamo, foi confirmado como membro do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE) que estava em missão de busca de informação para.
A confirmação é de do actual coordenador dos ex-operacionais do Serviço de Informação do Estado (SISE), Adolfo Beira, em entrevista ao Canalmoz/Canal de Moçambique.
Adolfo Beira explicou que a justificação daquele homem segundo a qual caiu na base da Renamo à procura de um curandeiro de nome Samatendje para lhe agradecer por conta de um trabalho que lhe tinha feito na década de 70, não constitui a verdade. O nosso entrevistado sustenta suas afirmações dizendo que “Samatendje existiu, sim, mas na década 90 e a década 70 que ele fez alusão talvez não tivesse idade suficiente para procurar um curandeiro”, disse.
“Tratou-se de um espião desprovido de técnicas para obter informações do interesse do País,” disse Adolfo Beira.
O homem em causa é identificado pelo apelido de Mulhanga. Reside nas imediações da Ponta Vermelha, o palácio presidencial, na cidade de Maputo. Trabalha actualmente no Gabinete de Estudos do Ministério do Interior, mas quando foi neutralizado pelos homens de Afonso Dhlakama no perímetro da zona onde reside o líder da Renamo actualmente, disse que era funcionário dos Caminhos de Ferro de Moçambique.
Uma fonte contou ao Canalmoz que o Sr. Mlhanga é espião de longa data, formado na China em reconhecimento e durante a presidência de Joaquim Chissano esteve afecto à casa militar como um dos homens da equipa de avanço para locais onde o chefe do Estado iria de visita.
Mulhanga foi foi feito refém juntamente com alguns membros da sua família e só foi solto mediante a intervenção da Polícia a nível da cidade da Beira. Um fonte disse que a esposa de Sr. Mulhanga que estava na sua companhia é também agente da Polícia.

Actual SISE é inoperante

Segundo a nossa Adolfo Beira, a neutralização de um agente do SISE pela Renamo mostra que esta instituição “é inoperante” actualmente “razão pela qual acontece em Moçambique todo o tipo de crime, desde mortes a agentes da Polícia, assaltos a bancos e até sequestros”, disse o ex-operacional do SISE numa entrevista que pode ler na íntegra na próxima edição do Canal de Moçambique que vai à rua no próximo dia 31 de Dezembro deste ano, segunda-feira.
“É vergonhoso e perigoso o que aconteceu com o homem feito refém em Vunduzi, porque a partir do momento que um informante do Estado cai nas mãos do inimigo, corre-se sérios riscos de ele passar grandes segredos do Estado e praticamente vender o País”, disse Adolfo Beira.
Beira disse que o SISE actual está cheio daquilo que ele chamou de “nabos”, porque na sua opinião o SISE tem uma missão que é detectar todo e qualquer plano que atente contra a soberania da Nação, mas agora não acontece.
O nosso entrevistado vai longe ao afirmar que o SISE está, à semelhança de outras instituições, partidariza e totalmente virada aos interesses do partido Frelimo. (André Mulungo)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

MWATHUMUNO: O ORGULHO DE MISSUASSUA

MWATHUMUNO: O ORGULHO DE MISSUASSUA:           Os anos se foram e os tempos vão-se moldando ao ritmo actual. Pensando na vida que a juventude partilhava outrora nas suas acti...

O ORGULHO DE MISSUASSUA

          Os anos se foram e os tempos vão-se moldando ao ritmo actual. Pensando na vida que a juventude partilhava outrora nas suas actividades diversas, se vislumbra uma tenebrosa diferença com a situação juvenil actual.
         Os pais são hoje simples expectadores, sem poder de travar o avanço mal gerido na sociedade que atinge filhos incautos e teimosos em auscultar aos mais velhos.
          Os meios de comunicação superam as nossas capacidades de gerir o rumo de nossos filhos, nos deparamos com uma  incapacidade de tornearmos nossos filhos aos padrões culturais da nossa sociedade, pelos meios agressivos da tecnologia, o que chamamos de evolução e o desenvolvimento.
         Os nossos filhos negam as origens, induzidos pelas correntes sociais de outras civilizações que nada têm a ver com o nosso estilo de vida e civilização.
        O facto de aprendermos a escrever e ler, de forma alguma pode significar o abandono às nossas origens.
        Hoje impávido e serenos temos assistido comportamentos rebeldes de nossos filhos, sem termos meios para travar o fenómeno, como esse tão insípido para sociedade e a nossa dignidade Humana. Impávido e serenos mas numa inconformação.
        Vezes sem conta temos assistido, nossos filhos a marginalizarem-se da família  ou seja da sua comunidade de origem, vergonha de ser identificado como filho daquela família ou originário daquela comunidade. Vivem confinados nas grandes cidades e evitam a todo custo, discutir ou falar de sua terra natal. Estão condenados nestes lugares a pena perpétua, morrem de vergonha visitar sua origem...
         Para que valem os conhecimentos desses senhores? Como os julgaremos, esses que vivem em grandes cidades e não reconhecem a região onde deixaram cair os seus cordões umbilicais?
Saibamos que o valor do homem surge na sua família e no seio daqueles com quem viveu sua infância, pessoas da terra de origem.
       Ter orgulho das suas origens é o mais ético no seio da intelectualidade. Os grandes e ilustres homens que passaram por este vasto Mundo, deixaram a sua sabedoria e as marcas de suas origens,por essa razão tiveram a sorte de se tornarem eternos, para o Mundo e para os seus.
       As emoções e ilusões desenfreadas, são características de um intelectual tomado órfão das origens e da sociedade em geral, não tem algo de exemplo, apenas tem o Mundo mas sem tecto!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PRÉMIO NOBEL DA PAZ UNIÃO EUROPEIA


Quando o comité do Nobel concedeu o Prémio da Paz a Barack Obama, em 2009, muitos se perguntaram por que tinha sido dada a um homem que, ainda no início de sua presidência, ainda não tinha conseguido nada. Hoje, muitos podem se perguntar por que o que foi atribuído a uma instituição cujo projecto mais ambicioso, o euro, está a falhar tanto. Como um engraçadinho colocá-lo no Twitter: "Note-se que a UE não ganhou o Nobel de Economia".
A crise pode ainda destruir o euro e, com ele, grande parte do projecto de integração europeia. Ela está criando problemas económicos nos países mais problemáticos. A taxa de desemprego na Grécia e em Espanha passou de 25%. O ressentimento é cada vez maior entre países credores e devedor. Manifestantes na Grécia esta semana cumprimentou Angela Merkel vestido em uniforme nazista.
Em toda a UE, o apoio popular ao projecto europeu está em queda. Grã-Bretanha está falando abertamente de afrouxar seus laços com o sindicato. Mario Monti, primeiro-ministro da Itália, quer convocar uma cimeira para combater a queda apoio para a integração europeia. Na Noruega, onde o anúncio do prémio foi feito, um porta-voz do comité do Nobel reconheceu o apoio público para a adesão à UE foi a mais baixa de todos os tempos.
Então prémio do comité do Nobel é realmente entendido como um lembrete de que a UE conseguiu em ajudar a transformar a Europa "a partir de um continente de guerra para um continente de paz". E que se destina como um aviso para não deixá-lo ser varrido da face da "emergência do extremismo e do nacionalismo".
O comité do Nobel deu uma história em vaso de realizações da UE, a partir de suas origens na Comunidade do Carvão e do Aço, projectado  nas palavras de o então ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Robert Schuman, para "deixar claro que qualquer guerra entre a França e a Alemanha torna-se não apenas impensável como também materialmente impossível ". Ao tomar em Espanha, Portugal e Grécia ajudou a consolidar a democracia nos países emergentes de ditadura. E após a queda do Muro de Berlim, em 1989, a UE contribuiu para a transição da Europa Central e países da Europa do comunismo. Hoje, disse o comité do Nobel, a palavra de paz e espalhando a democracia está se concentrando nos Balcãs.
Mas essa é uma leitura parcial da história. Certamente a NATO e a presença de forças norte-americanas tem sido um factor igualmente, se não mais importante em manter a paz na Europa através das décadas da guerra fria. E foi por intervenção América mais do que a Europa, seja como a UE ou países individuais, que, eventualmente, acabar com o derramamento de sangue na ex-Jugoslávia. Ainda assim, o Prémio é um estímulo para um projecto europeu que tem sido valioso na consolidação da paz, mas havia perdido o rumo na crise.
Como sempre na cacofonia da UE, os muitos "presidentes" correu para se alegrar com a notícia. Houve declarações de José Manuel Durão Barroso (presidente da Comissão Europeia, do serviço público da UE), Herman Van Rompuy (Presidente do Conselho Europeu, que representa os líderes) e Martin Schulz (presidente do Parlamento Europeu).
Durão Barroso disse: "Eu tenho que dizer que quando eu acordei esta manhã, eu não esperava que ele seja um bom dia .... O Prémio de hoje pelo Comité do Nobel mostra que, nestes tempos difíceis, a União Europeia continua a ser um inspiração para os países e povos de todo o mundo e que a comunidade internacional precisa de uma União Europeia forte. "
A questão é que Bruxelas foi (ou quantos) dos líderes da UE de muitas cabeças iria viajar a Oslo para receber o prémio. O comité do Nobel sabiamente disse que a decisão foi para a UE a tomar.
Do Parlamento Europeu, os políticos britânicos caíram uns sobre os outros para zombar o anúncio. Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido, declarou: " Isso vai mostrar que os noruegueses realmente tem um senso de humor. A UE pode estar recebendo o Prémio de consolação para a paz, porque com certeza não criou prosperidade. A UE criou a pobreza e o desemprego para milhões. "
Martin Callanan, o líder conservador britânico que mal soa diferente para UKIP, entrou na conversa: "O comité Nobel é um pouco tarde para uma piada tolos de Abril. há 20 anos este Prémio teria sido hipócrita, mas talvez mais justificada. Hoje é completamente fora de contacto ... O Prémio Nobel da Paz foi desvalorizado quando foi dado ao recém-eleito Barack Obama. Ao dar o Prémio para a UE o comité do Nobel minou o excelente trabalho dos outros vencedores merecedores deste Prémio  "Uma ironia final, talvez, de líderes de partidos que querem cada vez mais as relações da Grã-Bretanha com a União Europeia para ser mais como Noruega.

    CARLOS MAGNO (Política europeia)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

As ilhas da fantasia nacionalista da Ásia Oriental



Não parecem grande coisa, os poucos rochedos desabitados no Mar da China Oriental entre Okinawa e Taiwan, e um par de pequenas ilhotas no Mar do Japão, habitadas por um punhado de pescadores e alguns oficiais da Guarda Costeira sul-coreana. Os primeiros, chamados de Ilhas Senkaku no Japão e Ilhas Diaoyu na China, são reivindicados pela China, Japão e Taiwan; as últimas, chamadas Takeshima no Japão e Dokdo na Coreia, são reivindicadas pela Coreia do Sul e pelo Japão.
Estes pequenos afloramentos rochosos têm pouco valor material, porém a disputa sobre a sua propriedade levou a uma desavença internacional importante. Foi ordenado o regresso de embaixadores. Organizaram-se grandes manifestações anti-japonesas por toda a China, causando danos a pessoas e propriedades japonesas. Trocam-se ameaças entre Tóquio e Seul. Até já se falou de acção militar.

Os factos históricos parecem na verdade bastante simples. O Japão ocupou as ilhas como parte do seu projecto de construção de um império depois da guerra sino-japonesa em 1895 e da anexação da Coreia em 1905. A soberania anterior é pouco clara; havia pescadores do Japão em Takeshima/Dokdo e a China Imperial tinha alguma consciência de Senkaku/Diaoyu. Mas nenhum estado apresentou reivindicações formais.

As coisas complicaram-se mais após a II Guerra Mundial. O Japão deveria ter devolvido as suas possessões coloniais, mas os Estados Unidos ocuparam as Ilhas Senkaku juntamente com Okinawa, antes de devolver ambas ao Japão em 1972. Os coreanos, ainda enfurecidos com o Japão por quase meio século de colonização, tomaram as ilhas Dokdo sem se preocuparem com a legalidade da acção.

Dada a brutalidade da ocupação japonesa na Coreia e na China, somos naturalmente inclinados a simpatizar com as antigas vítimas do Japão. As emoções explosivas inspiradas por esta disputa – alguns coreanos até se mutilaram em protesto contra o Japão – sugerem que as feridas da guerra japonesa na Ásia ainda estão abertas. Na verdade, o Presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, aproveitou a ocasião para exigir ao imperador japonês desculpas formais pela guerra e compensações financeiras para as mulheres coreanas que foram forçadas a servir os soldados japoneses em bordéis militares durante a guerra.

Infelizmente, o governo japonês, apesar de muitas provas circunstanciais e mesmo documentais fornecidas por historiadores japoneses, escolheu agora negar a responsabilidade do regime militar por esse sinistro projecto. Previsivelmente, essa posição inflamou ainda mais as emoções coreanas.

E contudo seria demasiado simples atribuir a actual disputa apenas às feridas abertas pela última guerra mundial. Os sentimentos nacionalistas, atiçados deliberadamente na China, na Coreia e no Japão, estão ligados à história recente, é certo, mas as políticas que os justificam são diferentes em cada país. Como a imprensa dos três países é quase autista na sua recusa de espelhar qualquer perspectiva para além do ponto de vista “nacional”, estas políticas nunca são convenientemente explicadas. 

O governo comunista na China já não pode derivar qualquer legitimidade da ideologia marxista, e muito menos da ideologia maoísta. A China é um país capitalista autoritário, aberto a negócios com outros países capitalistas (inclusive com importantes relações económicas com o Japão). Desde a década de 1990, portanto, o nacionalismo substituiu o comunismo como a justificação para o sistema do partido único, o que obriga a atiçar sentimentos anti-ocidentais – acima de tudo, anti-japoneses. Isto nunca é difícil na China, dado o passado doloroso, e utilmente desvia a atenção pública dos defeitos e das frustrações associados à vida numa ditadura.

Na Coreia do Sul, um dos legados mais dolorosos do período colonial japonês provém da colaboração generalizada da elite coreana da altura. Os seus descendentes ainda desempenham um papel importante na facção conservadora do país, e é por isso que os esquerdistas coreanos clamam periodicamente por purgas e retaliações. O Presidente Lee é conservador e relativamente pró-japonês. Como resultado, os japoneses vêem as suas exigências recentes de desculpas, dinheiro, e reconhecimento da soberania coreana sobre as ilhas no Mar do Japão como uma espécie de traição. Mas, precisamente porque Lee é visto como um conservador pró-japonês, ele precisa de brunir as suas credenciais nacionalistas. Não pode dar-se ao luxo de ser manchado pelo colaboracionismo. Os seus opositores políticos não são os japoneses, mas sim a esquerda coreana.O uso da guerra para atiçar sentimentos anti-japoneses na China e na Coreia incomoda os japoneses, e desencadeia reacções defensivas. Mas o nacionalismo japonês também é alimentado por ansiedades e frustrações – especificamente, o medo do crescente poderio chinês e a dependência completa do Japão relativamente aos EUA no que diz respeito à sua segurança nacional.

Os conservadores japoneses encaram a constituição pacifista do seu país, escrita por norte-americanos em 1946, como um assalto humilhante à soberania japonesa. Agora que a China está a testar o seu crescente poderio reclamando territórios, não só no Mar da China Oriental, mas também no Mar da China Meridional, os nacionalistas japoneses insistem em que o Japão aja como uma grande potência e seja visto como um protagonista sério, completamente preparado para defender a sua soberania, mesmo que sobre uns rochedos insignificantes.

A China, a Coreia e o Japão, cujos interesses económicos estão interligados, têm todas as razões para evitar um conflito sério. E contudo os três países estão a fazer o seu melhor para iniciar um conflito. Por razões puramente internas, cada país está a manipular a história de uma guerra devastadora, desencadeando paixões que só poderão causar mais danos.

Políticos, comentadores, activistas e jornalistas em cada país falam continuamente sobre o passado. Mas estão a manipular as memórias com fins políticos. A verdade é a última coisa que interessa a qualquer um deles.
                      [ Ian Buruma]

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Esta imagem é tão porreira!

Esta imagem é tão porreira! Quando as crianças assistem cenas de adultos,aqui é resultado!

Menopausa e aposentadoria




"Nada em biologia faz sentido senão à luz da evolução", ensinava o grande geneticista ucraniano Theodosius Dobzhansky (1900-1975). E a biologia, sabemos hoje, está na base até dos mais insuspeitos comportamentos sociais humanos. Nesse espírito, tentarei reunir no artigo de hoje dois assuntos aparentemente desconexos: aposentadorias no setor público e menopausa.
Como escrevi na coluna impressa do último domingo na Folha, não me oponho à ideia da aposentadoria compulsória no setor público. Podemos certamente discutir se ela deve ocorrer aos 70 anos, como é hoje, aos 75 ou qualquer outra idade. Também precisamos formular a regra de forma menos draconiana, para evitar situações como a do ministro Antonio Cezar Peluso, que se viu impedido de participar do julgamento do mensalão. A necessidade de deixar o cargo "a partir do dia imediato àquele em que atingir a idade-limite" (art. 187 da lei nº 8.112) é coisa de quem acredita em horóscopo, não de quem pretende imprimir eficácia e racionalidade à administração.
É claro que os que defendem o fim da compulsória têm argumentos. Eu diria até que são poderosos. Como ocorre em todos os países que estão por completar sua transição demográfica, a população do Brasil está envelhecendo. Em 1980, menos de 2,5% das pessoas ultrapassava os 70 anos; em 2010, essa fatia chegou perto dos 4,5%; e, em 2050, deverá exceder os 15%.
Assim, a menos que tenhamos o objetivo explícito de destruir qualquer sistema previdenciário, precisamos não apenas pedir como também obrigar as pessoas, tanto no setor estatal como no privado, a trabalhar por mais tempo.
Há, contudo, algumas especificidades que precisam ser observadas. Nas instâncias mais burocráticas e aborrecidas do serviço público, o funcionário tende a aposentar-se tão logo reúna as condições legais para fazê-lo, o que costuma ocorrer muito antes do aniversário de 70 anos. Mas existem alguns lugares onde o servidor tende a permanecer. São os tribunais e as universidades. Neles, antiguidade no cargo costuma significar poder, e a maioria das pessoas não abre mão de poder. Daí que, nestes casos, a compulsória, carinhosamente apelidada de expulsatória, não tem apenas o objetivo de evitar que o Estado explore o funcionário até a última gota de suor mas também o de abrir espaço para a renovação.
Um bom jeito de bloquear avanços na jurisprudência ou na ciência é manter cortes superiores e postos-chave das universidades cheios de velhinhos. O Supremo dos EUA sofre um pouco desse problema, já que ali os "justices" ficam no cargo até a morte ou até decidirem eles próprios aposentar-se. William O. Douglas, por exemplo, passou 36 anos no cargo. Na Europa, já há a tendência oposta de designar ministros de cortes superiores para mandatos fixos. Eles devem ser longos, para garantir a independência do magistrado em relação àqueles que o indicaram, mas não tão extensos que comprimam a renovação.
Como escreveu o filósofo da ciência Thomas Kuhn (1922-1996) citando Max Planck (1858-1947): "Uma nova verdade científica não triunfa porque os que se opunham a ela veem a luz e saem convencidos, mas porque eles acabam morrendo e surge uma nova geração mais familiarizada com ela". Nós, humanos, para o bem e para o mal, temos o hábito de nos apegar a nossas ideias. Quando julgamos tal atitude positiva, chamamo-la de coerência, quando não, de teimosia.
Isso nos remete a um problema comum entre a biologia e a previdência social: o que fazer com os velhos? Como disse alguns parágrafos acima, as mudanças demográficas por que passa a sociedade exigem que as pessoas se mantenham na ativa por mais tempo. Mas isso não significa que elas precisem desempenhar exatamente as mesmas funções nem atuar da mesma forma. O papel ideal de cada um é o resultado das interações entre o autointeresse e as pressões socioambientais.
A analogia aqui é com a menopausa. Ela é, segundo o saboroso livrinho "Why Is Sex Fun: The Evolution of Human Sexuality", de Jared Diamond, um dos aspectos mais bizarros da sexualidade humana. Por que mulher precisa encerrar subitamente suas funções reprodutivas mesmo tendo ainda algumas décadas de vida pela frente? Por que o homem não passa por um processo semelhante? Para não dizer que se trata de um caso único entre as espécies, há indícios de que as baleias piloto também experimentem um tipo de menopausa. De toda maneira, existem motivos para acreditar que se trate de um fenômeno relativamente raro no mundo animal.
A resposta mais óbvia para o problema é que mulheres, ao contrário de homens, têm um estoque finito de células germinativas. Quando os óvulos se esgotam, não há mais como manter o aparelho reprodutivo em funcionamento.
Mas essa é uma daquelas respostas que responde pouco. Por que as mulheres acabaram ficando com genes que as fazem ter um número limitado de óvulos? E, mesmo considerando que isso fosse inevitável, porque elas não apresentam uma queda contínua da fertilidade, a exemplo de outros primatas, sem ter de passar por um fechamento abrupto da fábrica? Vale ainda observar que nossas outras funções vitais seguem o modelo da decadência lenta, não o da parada brusca.
Décadas e décadas de especulações ainda não oferecem uma explicação definitiva, mas Diamond apresenta algumas ideias que ao menos param em pé. Como sempre, estamos diante de um caso de ajuste fino entre interesse genético e pressões ambientais.
No mundo pré-histórico em que nos desenvolvemos, quanto mais velha era uma mulher, maior era a probabilidade de ela já ter gerado um certo número de bebês, dos quais alguns deveriam ter sobrevivido. Se ela morresse no parto de uma gravidez subsequente, o que não era absolutamente incomum antes da medicina e dos exames pré-natais, colocaria em risco todo o investimento que já fizera nos filhos preexistentes, já que uma criança humana depende dos pais, especialmente da mãe, durante muitos anos.
Assim, à medida que ela produz mais filhos vai deixando de ser interessante para seus genes gerar mais, sendo preferível esforçar-se para assegurar que a prole existente sobreviva. O mesmo raciocínio não se aplica ao homem, cujo investimento em gametas não é tão alto (em tese, cada macho tem recursos seminais para, em um ano, fertilizar todas as mulheres do planeta) e que não corre o risco de morrer de parto.
Nesse contexto, a menopausa surge como solução para todos os problemas. Depois de um certo número de rebentos, um tipo de acumulação primitiva, a mulher já é uma capitalista genética e adota um perfil mais conservador: fecha a fábrica para não se expor a riscos desnecessários e segue uma estratégia de investimento para obter retorno de longo prazo, dedicando-se aos filhos mais novos e aos netos.
A coisa parece funcionar. Medidas realizadas com uns poucos grupos de caçadores-coletores mostram que são as mulheres pós-menopausa (que não amamentam nem precisam carregar crianças de um lado para o outro) as que mais trazem calorias para a mesa da família, provavelmente devido à combinação de experiência com disponibilidade.
A natureza, após milhões e milhões de anos de tentativas e erros, encontrou um modo de inserir a mulher mais velha de forma bastante produtiva no grupo. Na verdade, não era apenas a mulher. Em sociedades tradicionais, anteriores à escrita, os idosos eram extremamente valiosos porque carregavam informações que poderiam determinar a sobrevivência ou a extinção da comunidade.
Diamond conta o caso de um grande tufão que, provavelmente em 1910, devastou Rennell, no arquipélago das Ilhas Salomão. Diz a memória coletiva que os rennell só sobreviveram porque os velhos de então lhes ensinaram quais espécies de plantas e frutos, que em condições normais não são comidos, poderiam ser consumidos e a forma de prepará-los.
É verdade que, na era da internet onde terabytes de dados brutos estão a um clique de distância, o papel dos idosos como repositório de informações fica diminuído. Isso não significa, contudo, que eles tenham se tornado dispensáveis.
O que precisamos é encontrar um ponto ótimo entre a necessidade de renovação e de preservação da experiência. No caso das mulheres, a natureza levou milhões de anos para encontrar uma fórmula eficaz. Espero que sejamos um pouco mais rápidos.

      [Hélio Schawartsman]

SONHOS DE VIAGENS À LUA





A morte recente de Neil Armstrong, o intrépido astronauta americano cuja principal distinção foi ter sido o primeiro humano a pisar na Lua, inevitavelmente me levou ao dia 20 de julho de 1969, quando, com os olhos incrédulos grudados na TV, assisti com meus primos a um feito que mais parecia ficção do que realidade.
O poder transformador da imagem de um ser humano saltitando pelo solo lunar foi tal que, mesmo para um menino carioca de 10 anos, a vida jamais seria a mesma. Explorar a Lua adquiriu um significado mítico: o primeiro passo para a conquista do espaço e a emancipação cósmica da humanidade.
Sabendo das dificuldades de virar astronauta no Brasil, optei por aprender sobre a ciência do espaço, devidamente complementada por obras de ficção tratando da exploração imaginária do nosso satélite natural. Afinal, como disse o pioneiro da exploração espacial Robert H. Goddard, "é difícil dizer o que é impossível, pois o sonho de ontem é a esperança de hoje e a realidade de amanhã". A exploração do espaço é, sem dúvida, a área da ciência em que é mais clara a sua dívida em relação à ficção.
Lendo alguns dos primeiros relatos imaginários de viagens à Lua, vemos quão alto a imaginação humana voa quando livre de dados, e quão difícil é transformar imaginação em realidade.
Sonhar em ir à Lua e chegar lá são duas coisas muito diferentes, aspectos complementares da nossa humanidade, como sonhadores e inventores. Toda invenção começa com um sonho.
A primeira narrativa conhecida de viagem à Lua foi escrita pelo satirista Luciano (125 d.C.). Em uma obra que inspirou muitos de seus sucessores ilustres, como Kepler, Cyrano de Bergerac, Jonathan Swift e Voltaire, Luciano conta como, na companhia de outros 50 exploradores, saiu pelos oceanos para ver onde terminavam. Um dia, "um vento violento soprou o navio pelos ares até grande altitudes, mantendo-nos suspensos por sete dias e noites, até que, no oitavo, demos numa terra, uma ilha redonda, brilhante e plena de luz".
Uma vez na Lua, os exploradores enfrentam inúmeras confusões, incluindo uma guerra contra o reino do Sol e suas criaturas que, numa tradição que Luciano atribui a Homero em sua obra "Odisseia", eram extremamente bizarras. Ao que parece, a guerra é uma condição inescapável de criaturas semelhantes aos homens, espécie de enfermidade incurável. Como escreveu Luciano, "podemos bem dizer que a guerra é a geradora de todas as coisas".
Pergunto-me o que o heroico Neil Armstrong, famosamente discreto e recluso, pensava de fantasias como a de Luciano. Embora se dissesse "um engenheiro nerd de meias brancas e cheio de canetas no bolso da camisa", ocasionalmente demonstrava grande inspiração: "Olhando para o passado, fomos mesmo muito privilegiados de ter vivido numa breve parcela da história em que mudamos como o homem olha a si mesmo, o que poderá vir a ser e os lugares aonde irá".
Para este garoto já crescido, Armstrong continuará sendo um raio de luz num mundo que tanto necessita de heróis como ele. E, para mostrar como levo a complementaridade entre ciência e literatura a sério, um de meus filhos se chama Lucian.
Marcelo Gleiser
Marcelo Gleiser é professor de física e astronomia do Dartmouth College, em Hanover (EUA). É vencedor de dois prêmios Jabuti e autor, mais recentemente, de "Criação Imperfeita". Escreve aos domingos na versão impressa de "Ciência".

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

BILL GATES




Bill Gates é um dos homens mais ricos do mundo. Nascido em Seattle, no noroeste de os EUA em 1955, ele começou a mostrar um interesse em computadores, enquanto na escola.

Aos 15 anos, com seu amigo Paul Allen, ele desenvolveu um programa de computador que monitorou os padrões de tráfego da estrada. Eles, tendo vendido por US $ 20.000.

Ele foi para a Universidade de Harvard, inicialmente planejando uma carreira em direito, mas abandonou quando ele e Allen desenvolveu um programa para um novo computador pessoal. Era 1975 e Microsoft nasceu.

Ao longo dos próximos 30 anos, através de uma combinação de inovação técnica e táticas de negócios agressivas, empresa de Gates se tornou uma das marcas mais conhecidas no mundo, um líder no negócio de software. Estima-se cerca de 80 por cento dos computadores no mundo, usam o Microsoft Windows.

Em 1986, Bill Gates começou a vender ações em sua empresa, tornando-se um milionário instantâneo.  A empresa cresceu rapidamente em valor, e em pouco mais de um ano, Gates era um bilionário.

Ele conheceu executiva da Microsoft, Melinda French, em 1989. O par se casou cinco anos depois - o mesmo ano, o William H Gates Foundation foi criada, dedicada a apoiar a educação.

Em 2000, o casal combinou instituições de caridade da família várias e formou a Fundação Bill e Melinda Gates Foundation - começando com a sua contribuição $ 28.000.000.000 própria.

A empresa levou mais  tempo com Bill Gates, para, em 2006, ele anunciar que estava deixando o cargo em tempo integral na Microsoft para se dedicar ao seu trabalho de caridade. Seu último dia era 27 de junho de 2008, mas ele continua na presidência do conselho.

A fundação concentra seus esforços em educação, saúde e agricultura, tanto no desenvolvimento e o mundo desenvolvido. Inevitavelmente atrai críticas por causa do que ele faz e como ele faz isso - mas a cada ano que gasta bilhões de dólares tentando viver de acordo com sua missão de ajudar todas as pessoas a uma vida saudável e produtiva.

Melinda Gates diz que, apesar de críticas da igreja, ela ainda se sente obrigada a trazer contraceptivos seguros para o mundo em desenvolvimento: "Nós não devemos fugir, ...

domingo, 2 de setembro de 2012

PIRÂMIDE DA NOSSA SOCIEDADE

Eu desafio você a abrir sua mente e olhar para além das
fronteiras nacionais, raças e religiões.

O mundo que nos rodeia é uma ilusão. Em vez de evoluir
naturalmente, tem sido de engenharia social para atender um objetivo: poder e controle.
Você já pensou por que as coisas são do jeito que são? Em décadas recentes, a
vida mudou tão dramaticamente que você não iria reconhecê-la, mas porque
tem sido feito de forma incremental parecia que aconteceu naturalmente. O técnico
progresso é impressionante e as coisas não se podia pensar tornou-se nossa
realidade. Mas há um lado escuro para esse progresso: tudo isso facilita ainda mais
o controle. Câmeras, telefones celulares, computadores, televisão feito a nossa vida mais simples, divertido
e mais eficaz, mas eles também nos trouxe um apertado web que tem uma
maior capacidade de influenciar nossas vidas e nos espionar. Tudo é gravado,
analisado e pode ser invocada em caso de necessidade.

Todo o sistema da sociedade de hoje está concebida como uma
teia de aranha e uma pirâmide. Como qualquer empresa ou corporação, o mundo inteiro está
correr como uma corporação gigante. Nossa sociedade é compartimentada e as pessoas são
pequenas partes de um sistema maior. O governo controla totalmente todos os aspectos da
vida humana, desde o nascimento, educação dos filhos, bem-estar, licenciamento, até a morte.
Quase tudo que você faz, você precisa de uma licença . Somos escravos do sistema
e estamos servindo o sistema de pagamento dos empréstimos contraídos em bancos, tentando fazer
face às despesas. Nem sempre foi assim. As pessoas costumavam ser capaz de trabalhar e alimentar
toda a família sem empréstimos dos bancos. Como chegamos a isso?

Um grupo de pessoas com um monte de dinheiro mudou o sistema
através de políticos corruptos e introduziu as leis para avançar sua agenda.
Eles primeiro tomou o controle dos meios de comunicação e usou-o para fazer-nos suscetíveis a
essas mudanças e acreditam que esta é a evolução natural. Banco da Reserva Federal
dos Estados Unidos imprime dinheiro e o governo dos EUA pede esse
dinheiro e paga juros usando o dinheiro arrecadado em impostos. Os bancos são autorizados
a emprestar dinheiro 10 vezes mais do que eles realmente têm em suas reservas e
cobrar juros sobre o dinheiro que não tem. Todos os bancos estão conscientes disso e
"jogar" o jogo. Não há dinheiro suficiente para pagar os juros e a dívida
cresce e então não há padrão e um resgate e então o governo paga mais de
nosso dinheiro para os bancos. Por que o governo faz isso?

É porque as pessoas que assumiram o controle do sistema
de tudo, incluindo o governo. Não é o nosso governo que nos governa
para nós, mas um de seus departamentos do sistema global para executar nós. Como é possível
para coordenar tudo isso em uma escala global? Aí vem a Organização das Nações Unidas para executar
a legislação, do Atlântico Norte Organização do Tratado de policiar a cumprir a
ordem do dia, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional para regular financeira
do sistema, Bilderberg Group, reúne uma vez por ano, é um órgão de governo e, em seguida, todos os
departamentos menores ( nossos governos, mídia, bancos e empresas) realizar
a agenda. Aqui, a pirâmide vem no lugar.

A sociedade humana está sendo destruído em todos os níveis. Os
falsos valores do sistema alimentados nas todas estas décadas através da mídia nos fez
complacente com a agenda e tudo o mais é ridicularizada. A família
instituição é destruído através do feminismo e abortos, o direito internacional
é torcida - condados soberanos estão sendo invadidos, saqueados e da população
morta em falsos pretextos, os valores sociais têm degradado através dos meios de comunicação para drogas
e sexo amoroso cultura vazia de feminina-como homens palermas que atuam difícil. As mulheres
agem como homens, mulheres e homens como todos eles, como as crianças. Isso é o fim da
sociedade e sua completa degradação e caos.

A comida está sendo envenenado com geneticamente modificados
produtos, água potável com flúor, vacinas com vírus não especificadas e
produtos químicos. A taxa de falecidos vários dispararam. Bilhões de dólares são
gastos em guerras e conquistando outros países e, entretanto americano
Sistema de Saúde está à beira do colapso e milhões de pessoas morrem a cada
ano em todo o mundo a fome forma e falecimentos evitáveis. Parece que ninguém se importa
, mas na verdade a realidade é mais sinistro - é, na verdade, o plano para destruir
a população humana através de vários meios. Ele é chamado de Agenda 21.

O aquecimento global é uma fraude para recolher mais impostos e fazer-nos
mais escravizados por novas regulamentações. A Terra passou por um aquecimento poucos e
períodos de resfriamento durante os últimos 1.000 anos antes de qualquer um dos causadores do efeito estufa
do gás de emissão de máquinas foram já construídas.

Resgate é uma fraude. Zona do euro está à beira do colapso,
assim é o dólar. Haverá uma nova moeda e o novo sistema. O sistema
a ser implementado é chamada de Nova Ordem Mundial! Parabéns pela sua
chegada!

Para todas as pessoas que pensam que tudo isso é loucura, apenas faça a sua
pesquisa ou esperar até que seja anunciado oficialmente.

Oremos para toda a humanidade sobreviver a isso.

[John Smith]
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terça-feira, 5 de junho de 2012

HIPOCRISIA




             Poema e voz de Euclides Cavaco

                                  Há quem viva de aparêncas
                                  De certo para esconder
                                  As malogradas tendências
                                 Do que pretendiam ser.
  Alguns vestem de cordeiro
 A pele, mas sendo lobo
 Usam ardil matreiro
 Só para enganar o povo.
                                       Outros são fingidores
                                       Vestidos de fantasia
                                       Como eternos impostores
                                       Vivendo em hipocrisia.
 Vão matando a pretensão
 Com cinismo e com vaidade
 Fingem ser o que não são
Como grande sagacidade.
                                          As grandezas aparentes
                                          Que não passam de fachadas
                                             São o produto das mentes
                                             Vazias e mal formadas.
Nesse teatro de enganos
Os farsantes mascarados
Têm ao cair dos panos
Seus palcos desmoronados!...
           EUCLIDES CAVACO

segunda-feira, 4 de junho de 2012

AMIGOS DE INFÂNCIA


(Missão Nª.Sª. do Carmo
em Traquino-Mutarara) 
                       
                              

        Por volta dos anos sessenta do sêculo vinte não havia muitas ocupações como celulares, internat e a televisão, únicos divertimentos que tínhamos era a bola de farrapos ou jogos tradicionais.
     Quem não fosse a escola não era o problema do tempo, este tínhamos de sobra não fosse as brincadeiras de mata-mata e os jogos de escondidas. Para dizer a verdade, as escolas não eram como hoje em todos os cantos, era preciso andar até quinze a vinte quilómetros  para alcançar uma escola.
         Todas as escolas eram missionárias católicas e os nossos professores eram ao mesmo tempo catequistas. Lembro-me de um grande catequista na missão de Inhangoma em Mutarara o senhor Josefe Ndapassoua, uma figura muito conhecida por todos nós daquele tempo.
            Da minha localidade à missão distava uns vinte e quatro quilómetros, percorríamos esta distância a pê, uma vez por semana, partíamos aos domingos a tarde depois de assistir a missa de baixo de uma mangueira na aldeia, dirigida pelo catequista, os cristão não podiam comungar, só quando viesse o senhor padre uma vez em cada mês.
        Todos nós depois de concluir a terceira classe tínhamos que estudar na missão, onde havia os grandes professores que podiam lecionar a quarta classe. Lembro-me de alguns nomes: Guilherme Vaz, Sebastião Jenquene Nhambessa, António Fole, Marcos, Miguel e entre outros.
      Todos os alunos de Inhangoma tínham que frequentar a quarta classe em Traquino na missão nossa senhora do Carmo, antes de ser instalada a escola de Jardim que mais tarde começou a lecionar a quarta classe.
          Nas escolas missionárias só lecionavam e os exames finais ficavam a cargo das escolas oficiais onde estudavam os meninos assimilados.
         Foi bom ter passado essa fase onde conhecí muitos amigos, alguns hoje bem posicionados, doutores e até alguns com filhos mestrados e sinto por aqueles que não puderam alcançar os mesmos êxitos. E recordo com muita angústia pelos amigos que não puderam viver até hoje, que a paz do Criador estejam com eles e que pousem nos lugares dos justos.


  Por: Nhansôa
         

terça-feira, 24 de abril de 2012

INSTINTO PRIMITIVO




                        

               Quando se julgam suficientemente realizados, queira no ambito económico ou intelectual, muitos se desgastam perante um olhar social. Julgar diferentes de outros é um instinto primitivo, até ousam alguns negar suas origens, contentando-se a volta de seus amigos que preferem íntimos, para não se juntar a uma cambada de inletrados ou menos instruidos.
            Não têm argumentos, qual o motivo, que safisfaça a quem quer que seja,perante o seu insípido modo de vida. É de estranhar um menino que aprendeu a jogar bola de farrapos com os petizes da sua idade, depois de se arrumar academicamente, nega-los a uma possível aproximação, a pretexo de se ter singrado na vida de uma maneira peculiar, sendo assim julga ele ter passado para uma nova elíte.
            Por vezes é preciso reparar a volta e ao nosso umbigo, e  em diante julgar a vida como as ondas do mar, que se revoltam entre si para depois dar lugar as areias, essas, não mudam nem de lugar!
            O seu fluxo que lhe faz sentir ébrio, é como as ondas do mar e própria vida tem o seu limite de caducidade. Os homens foram concebidos pelo Criador para serem diferentes, e a sua diferença é a sua identidade. O modo de vida difere como os nossos semblantes. O homem de letras ou ciências precisa ponderar a vida, utilizando o conhecimento que tem para não ser confundido.
            Seja livre e ame a sua identidade, faça algo para sua terra, especialmente onde o seu ser emergiu pela primeira vez como uma vida. Para que não venha se envergonhar pela sua terra natal perante seus, é preciso que dê a mão aos pressupostos dessa terra para se evoluir.
            Há várias maneiras de saudar, um simples olá, uma palavra de conforto, um aperto de mão se for o caso ou apenas um aceno. É maneira mais inteligente e civilizada de dar conforto a quem precisa para se erguer ou cavalgar.
Formas mais simples de ser, para não ter conotações perniciosas é procurar ser justo consigo e comunicativo.
             Fingir ser o que não é, reduz a capacidade de reputação perante a sociedade, especialmente nos nossos “camaradas”(amigos) da infância que jogaram connosco a bola de farrapos.
             Um grande homem tenha uma terra natal e uma vida ensopada de acenos e recíprocidade, foi esse o grande sonho que sempre teve o meu grande amigo o Doutor Nhansôa.

terça-feira, 10 de abril de 2012

MEMÓRIAS DE PORTUGAL


Corria o ano da graça de 1962. A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com € 50 milhões) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo doPlano Marshall.
O embaixador incumbiu-me – ao tempo era eu primeiro secretário da Embaixada – dessa missão. 
Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, solicitado, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente. Disse-me que certamente havia um mal entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num Banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro. De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA.


Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo numa altura em que o Tesouro Português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir, a esta distância, a exactidão dos termos mas era algo do tipo: "Pague já e exija recibo".  Voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.
Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: - Não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo.  O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não  era alternativa a considerar.  A decisão do governo português era irrevogável.
Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado - ao tempo Dean Rusk - teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. "Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall"; "Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam" e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país – Portugal – que respeitava os seus compromissos.
Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felismino, Director-Geral "perpétuo" da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas, ao tempo, por "Ordenações Felismínicas" as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: - "Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar – é nada dever a quem quer que seja".
Lembrei-me desta gente e destas máximas quando, há dias, vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado, pública e grosseiramente, pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.
Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses, de hoje, nem esse consolo tem.
Estoril, 18 de Abril de 2010
Luís Soares de Oliveira

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

AS MEMÓRIAS DE UMA VIDA!


     O TÚMULO DO VELHO COLONO


             O senhor Herculano Augusto Jorgem, foi o propangandista agrícola de profissão, nas terras de Mutarara em Tete, a partir dos anos de mil novecentos e cinquenta, viveu e desenvolveu suas actividades neste distrito. No seu primeiro relacionamento teve uma filha, de nome Rosa Maria, por sinal era a mais clara de outros filhos, esta veio a falecer por doença, deixando apenas uma filha, a Maria do Ceu.
              Depois deste relacionamento, o senhor Herculano conhece o velho Monteiro da Costa Nobre, que mais tarde veio a ser o seu sogro, tendo casado com a Senhora Ana Monteiro da Costa Nobre. Neste casamento teve os seguintes filhos: Amelita, uma funcionária pública em Angónia Tete, a Nazare, minha esposa, já falecida em 2000, a mãe dos meus cincos filhos. O Diamantino que foi membro da PRM, falecido em Tete, Eliana técnica farmaceútica, casada com senhor Herculano Protraite, Maria Dolores professora,Belmira técnica farmaceútica e os  dois moços mais novos o Guito e o Abel.
                 Foi uma grande contribuição, que o senhor Herculano A.Jorge deu a este país, não só pelo facto de ter deixado muito filhos, a forma como viveu e conviveu com os negros, foi muito excelente. Era amigo de toda gente. E ensinava tudo quanto sabia em termo de agricultura.
                A imagem que consiguí por enquanto foi a de seu túmulo em Moatize onde descança em paz ao lado de sua esposa, Ana Monteiro da Costa Nobre. Nós decidimos por unánime como pessoas da familia, sepultarmos a dona Ana Monteira da Costa Nobre, bem juntinho do túmulo do seu marido, senhor Herculano. Dona Ana, deixa muitas saudades entre nós, pela forma como se comportava na familia. Todo mundo aquí em Moatize deixou cair lagrimas no cantinho do olho pela morte desta senhora tão amada.
           Estiveram presentes, filhos, irmãos, genros, netos e sobrinhos para além de vizinhos e pessoas amigas.
            Todos nós dissemos: descanse em paz dona Ana ao lado do homem que contigo viveu vários anos e morreu nas tuas mãos.
              O senhor Herculano deixou este mundo, em 1993 e dona Ana em 2011 segue para eternidade, pedimos a Deus nós os familiares, que tenha o melhor lugar entre os justos. Amen...