CORREIO DA
MANHÃ - 04.11.2013
Renamo não tem capacidade nem vontade de voltar à guerra
civil
REFERE ANALISTA DE UMA COMPANHIA ESPECIALIZADA NA RECOLHA DE
INFORMAÇÃO MILITAR
Dhlakama quer a Renamo no Governo e a integração nas forças
armadas e,
consequentemente, assentos em empresas com contratos
lucrativos em
estradas ou minas. Não tem capacidade nem vontade de voltar à
guerra
civil, quer é acesso aos negócios - Robert Besseling,
analista para
Africa Exclusive Analysis, uma companhia especializada em
recolher
informação e fazer previsões sobre riscos políticos e
violência por
todo o mundo.
O regresso a uma guerra civil em Moçambique é improvável
porque a
Renamo não possui capacidade militar para enfrentar o
Exército, mas
existe o risco de mais ataques, afirmaram dois analistas.
Robert
Besseling, analista para Africa Exclusive Analysis, uma
companhia
especializada em recolher informação e fazer previsões sobre
riscos
políticos e violência por todo o mundo, afirma que a Renamo
está mal
armada. "São entre 400 e 600homens, veteranos e novos,
mas estão mal
armados, com velhas Kalashnikov AK-47 e alguns lança-granadas
e talvez
alguns morteiros", afirmou. Elizabete Azevedo-Harman,
investigadora no
britânico Instituto Real de Relações Internacionais, tem por
referência os 150 a 200 homens que um colega viu numa visita
ao
presidente Afonso Dhlakama no quartel-geral da Gongorosa há
uns meses,
antes de a base ser tomada pelas forças armadas
moçambi-canas.
"A Renamo diz que tem mil [soldados], mas esse número
não está
prova-do", vincou esta investiga-dora, que recordou que
o acordo de
paz autorizava a liderança a manter guardas armados.
Os ataques no início do ano a esquadras da Polícia terão
reforçado o
arsenal do grupo, mas é o conhecimen-to da geografia das duas
regiões
centrais do país, Sofala e Manica, que é o ac-tivo mais forte
da
Renamo, dizem os dois analistas.
"Não são precisos muitos homens para criar
instabilidade", salienta
Eli-zabete Azevedo-Harman.
Mesmo sem capacidade para desencadear uma guerra civil, a
Renamo
poderá alimentar o conflito armado através de ataques de
"guerrilha,
que pode ser muito perturbadora nestas duas regiões centrais
de
Moçambique". "As forças da oposição só têm
capacidade para causar
instabilidade atacando transportes rodoviários de passageiros
ou
mercadorias", refere Robert Besseling, que admite que o
conflito se
prolongue por mais alguns meses. Porém, não acredita que
nenhuma das
partes tenha interesse em que a situação piore, e prevê o
regresso às
negociações, cujo sucesso depende das cedências da Frelimo,
no poder,
às exigências da oposição. "Dhlakama quer a Renamo no
Governo e a
integração nas forças armadas e, consequentemente, assentos
em
empresas com contratoslucrativos em estradas ou minas. Não
tem
capacidade nem vontade de voltar à guerra civil, quer é
acesso aos
negócios", resume.Moçambique vive a sua pior tensão
política e militar
desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, devido a
confrontos
entre as forças de defesa e segurança e antigos guerrilheiros
da
Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal
partido da
oposição, por causa de diferendos entre o movimento e o
Governo sobre
a lei eleitoral.
Sem comentários:
Enviar um comentário