sexta-feira, 8 de março de 2013

CARTA AO PRESIDENTE




Por Laurindos Macuácua
Feliz sexta-feira, Presidente Guebuza. Então, algum comentário acerca da recente morte de Hugo Chávez? Eu fiquei muito triste quando soube da notícia. Associei-me aos venezuelanos pobres que perderam, de certa forma, o seu farol. Foi assim que me senti quando Samora morreu. Claro que era muito miúdo ainda, mas algo no meu interior me dizia que hi ta sala hi swi vona- havemos de ficar a ver.
E estamos a ver mesmo! Mesmo quem é cego consegue ver esta cortina de ferro que separa o povo da elite da Frelimo. O povo deixou de acreditar na equidade e na justiça, porque vê os corruptos impunes e os jogos de poder a duas mãos, atiraram-nos, novamente, para a tradicional apagada e vil tristeza. Sinceramente não sei o que o senhor Presidente da República faz na cadeira do poder. Ainda não se fartou? Estou a falar consigo, Presidente?
O Presidente teve conhecimento de que um compatriota nosso foi brutalmente assassinado pela polícia sulafricana?
Se sim, então, por que ainda não se pronunciou? Zuma, o seu homólogo sul-africano, teceu alguns comentários. O Armando Guebuza nada! Morreu? É menos um na estatística. Ou seja, é uma baixa, como se diz na gíria militar.
Contudo, Presidente, queremos a nossa madeira. Ela não é do Pacheco e muito menos do senhor. É do povo: dêm-no. Que Governo é esse que não tem vergonha de ver as crianças sentar no chão nas escolas enquanto leva a nossa madeira e vende aos chineses a preço de banana? Se vendêssemos condignamente a tal madeira não teríamos carteiras para os nossos alunos? Não teríamos transporte à fartura? Quer dizer que os chineses é que conhecem a importância da madeira e nós não? Queremos a nossa madeira. E tenho a certeza que a madeira, leve o tempo que levar, vai ser devolvida ao povo.
Nunca vamos vergar antes de ter o que é nosso, por direito, de volta. Nós, o povo, não estamos para suportar os corruptos da Frelimo e os seus filhos. Queremos o que é nosso. Uma pergunta, senhor Presidente: afinal, o que foram fazer em Nachingweia? Aprender a arte de ganhar sem ter razão? Como é que um revolucionário vira delapidador da sua pátria? Como é que aquele moçambicano que foi ovacionado pelo povo quando chegou, triunfalmente, a Lourenço Marques virou este sanguinário? Afinal, a intenção era arrancar o chicote da mão do colono para ficar na sua mão? Que vergonhoso! Será que vocês, Presidente, os da Frelimo têm coragem de se olhar ao espelho? Qual é a imagem que está lá? Do guia da nação ou de um parasita qualquer que suga o povo até a última gota do sangue?
DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 08.03.2013

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