domingo, 21 de agosto de 2011

A VIAGEM DIFÍCIL

                        




          Todo o homem tem o prazer de um dia tornar a sua terra natal, o regresso ou para uma visita. É um sonho de qualquer um, reviver os tempos passados e revisitar os amigos da infância. Preparei-me num belo dia para visitar Mutarara, minha terra natal que me viu a nascer há meio sêculo, o desejo de muita gente.
           Preparei o meu Land-cruiser, partí da cidade da Beira onde actualmente moro com a minha família a bastante tempo. O trajecto para Mutarara é complicado, só para dizer que a vila de Mutarara não tem acesso fácil, condenado a uma ilha dentro do país, devido as más condições das vias. Foi necessário escolher: Via Tete ou Zambézia passando pelo distrito de Morrumbala e depois descer ao rio Chire e atravessando pelo Batelão. Optei pela via Zambézia atravessando primeiro o rio Zambeze pela ponte Guebuza, deixando assim para trás Mutarara até Morrumbala.
            De Morrumbala descí ao Chire, devo dizer que daquí ao rio a estrada é péssima, e o Batelão é manual e lento, são quinze ou trinta minutos ao mínimo para chegar a outra margem em Mutarara, posto administrativo de Inhangama e esta via é pior ainda que a de Morrumbala.
             Para chegar ao meu distrito sofrí muito, foi como se tivesse viajado para o Malawi. Por vezes interrogo-me: Sobre a ponte de Dona Ana que liga os  distritos de Caia e Mutarara que logo após a guerra dos dezasseis anos o governo de Moçambique reabilitou-a, autorizando a passagem de carros. Quem desautorizou o governo proibindo a passagem de carros? De certeza seria um engenheiro que não tem nada a ver com a população de Mutarara e muito menos a sua economia, sem bem era o acesso fácil para Mutarara. É bom lembrar que este governo tem tentado minimizar o sofremento das populações e há pessoas que implicitamente impedem esse plano.
               A desculpa de danificar a ponte é descabida, tendo em consideração a tonelagem de cada composição de um comboio de mercadirias e um simples carro de mercadorias ou passageiros. A experiência tinha sido feita. Qual foi o erro? Eu própria atravessei a ponte por três vezes de Land-cruiser sem problemas nenhuns.
               Os técnicos devem trabalhar cooperando com os planos do governo, não deve ter interesses mesquinhos desprezando a vida de um povo, desculpando-se com elementos infundados para agradar os patrões esquecendo o seu povo que está sofrendo. Estou-me a referir técnicos moçambicanos envolvidos na reabilitação da ponte , que tenho toda certeza que foram esses que impediram a transição de carros para Dona Ana, para beneficiarem programas estrangeiros, onde são empregados.
                 E falando de Mutarara, o problema não se resume só na ponte Dona Ana, temos estado a enfrentar problemas sérios para deslocar de Tete-Mutarara ou vice-versa. A estrada de Mutarara para Tete é calcanhares de Aquíles, o transito é muito sacrificado se não mesmo difícil. Partindo de Mutarara, Sinjal, Dôa, Chiweza, Cambulatsitsi e Moatize, este trajecto é uma lástima.
                 Para viajar bem de Tete para Mutarara, é preciso passaporte e via Malawi, viagem segura sem atropelos mas longa!
                 Para quando esse problema?
                 Tenho acompanhado o programa do governo” estrada Zumbo-Mutarara” seria uma solução em parte. Todavia, os amigos e naturais de Mutarara residentes em Maputo, Beira, Xai-xai,Inhambane e outras zonas do sul Zambeze, querendo viajar para este distrito, terão problemas sem solução. E é muito triste!
                 A solução seria a ponte de Dona Ana passarem carros ou colocar pelo menos um batelão em Sena, para transporte de carros e passageiros de Sena e Mutarara.
                 Os programas do governo têm de ser acompanhados por todos, sendo pessoas de boa fê e que querem o bem e o desenvolvimento socio-económico de todos os distritos deste país que se chama Moçambique.
                  Ah! Eu não sou de Mutarara, nesta ponte não devem transitar carros. Está bem irmão moçambicano, não és de Mutarara mas és de Moçambique, unido do Rovuma ao Maputo e Do Zumbo ao Índico. Qual é o teu problema? Dinheiro só para si? E os outros moçambicanos podem morrer desgraçados! Que burguesia interna! A crescer a olhos nús, todos a assistirem. Por favor camufulem-se! E abram caminho para os outros que também são moçambicanos.




           José Manuel Meque: @arassul
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